sexta-feira, 27 de julho de 2007

Logo vêm aí os bares rolantes com o sarrabulho quentinho

Em princípio pensei que seria uma campanha publicitária, alguma nova estratégia de promoção do comércio local, enfim haveria inovação e iniciativa. Mas há destes lapsos, faltou-me um pormenor, era domingo e o comércio está quase todo fechado.
Carros, carrinhas, carros publicitários, atrelados, painéis estrategicamente distribuídos por onde anda gente, que são esses que se querem pescar. Casas de cosméticos, de bicicletas, comida enlatada, soirées para a terceira idade, tudo se publicita.
Estamos em Ponte de Lima, no terreal, nos passeios, no Largo de Camões, salão nobre da urbe. A inundação dominical, maugrado o tempo, cá está, os restaurantes estão cheios, mas afinal, estando o restante comércio fechado, para que serve esta publicidade. Será que esta gente vem cá à semana comprar algo?
Claro que é gente de trabalho e só tem tempo para ir aos hiper, super e quejandos que por todo o lado vão proliferando, quase à porta de cada um. Se ainda ao menos estivessem abertos ao domingo os estabelecimentos propagandeados! Até dava emprego a alguém, as ruas tinham outra cor, mas cada um sabe das suas.
Mesmo assim há outros métodos publicitários mais eficazes do que vir no sábado à procura de um lugar para o mamarracho. Deixar um reboque em pleno Largo, uma carrinha quinze dias estacionada no mesmo local, um reboque abandonado, um veiculo cheio de números de telemóvel, parece uma saloiada do mais primário que há. E depois querem ter sucesso.
O S. Miguel dos restaurantes é o domingo, se outros ramos do comércio querem aproveitar a onda saltem para cima dela, mas armados com os apetrechos necessários. Na sua falta é o comércio ambulante que vai fazendo o seu caminho, qualquer dia vêm bares rolantes vender o sarrabulho quentinho.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Vai ser necessário fazer uns cursos para que se não perca a broa artesanal

Há partidos em que se defende que há assuntos que, por razões conspirativas ou de oportunidade, não devem ser discutidos cá fora, mas sim dentro das suas estruturas. Também há quem tenha as mesmas ideias em relação à sociedade em que vivemos.
Principalmente em relação àquilo que nos pode deixar ficar mal há quem invoque o “dever” de abafar para que esse efeito não seja atingido. Mas se queremos que nada seja feito é mandar recados privados a quem se preocupa só com o “faz de conta”.
A imprensa só executa convenientemente a sua missão se puser a “boca no trombone” e colocar as questões frontalmente sem cuidar dessas sensibilidades totalitárias. Isto vem a propósito de pouco, dirão, mas é por aqui que se revela a mentalidade.
Os feirões de domingo no Largo de Camões com um rancho folclórico são iniciativas simpáticas em que eu participo com gosto. A Associação de Folclore terá incentivado todos os ranchos a fazerem broa caseira para dar relevo às nossas tradições.
Se alguns a fazem a preceito, a maioria fazem-na de modo constrangedor: A broa fica ensebada. A má imagem é evidente e mesmo que seja só para os de Gondomar eu fico chateado na mesma. Não vão eles gozar connosco.
Haverá aqueles que dirão, à boa maneira totalitária, que, se se não falasse, isto passava despercebido. Esta mesquinhez só será abandonada se impusermos outras regras e outro estilo na maneira de abordarmos estes assuntos.
Porque não a Associação de Folclore fazer uns cursos para o efeito de habilitar as pessoas a manter uma tradição que se terá rompido na geração anterior. Já só os avós sabem disto, mas sempre haverá quem tenha brio em fazer uma broa que até devia ser certificada, que nós não temos só sarrabulho.
Amante da broa, broeiro quanto baste, aqui já com privacidade, estou disposto a indicar aos interessados algumas monitoras.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

A política não justifica tudo e os rótulos ainda menos

Quando se quer desvalorizar as opiniões de alguém diz-se que elas têm base política, não passam de politiquices. Mas se queremos fazer uma leitura correcta da opinião de outrem devemos aferir da medida em que ela comporta alguma sabedoria.
O conhecimento da posição política de uma pessoa pode ser tão importante como dos aspectos pessoais, sociais ou intelectuais. Mas isso vale para os dois lados, o de quem comenta e o daqueles que são eventualmente comentados.
É certo que tudo evolui e não se podem colocar rótulos definitivos. Há mesmo quem hipocritamente diga que não é nada daquilo que lhe atribuem, só o é enquanto isso lhe interessa. O coração está num lado, a carteira noutra.
Mas eu não vou por este caminho, nem faço sentenças morais baseadas nestes aspectos relacionados com o comportamento de cada um. As coisas valem politicamente o que valem quando se trata de política, mas valem socialmente o que valem quando se trata do relacionamento social.
E se eu me fosse pronunciar sobre aspectos pessoais fá-lo-ia em termos tais que não haveriam dúvidas. Mas eu não sou juiz embora saiba que há muito cretino empoleirado, mas valha-nos a verdade é que o deixam.
Pessoalmente até admito muito mais que me chamem idiota do que pretendam que as minhas opiniões se devem tão só a razões políticas. Até gostarei que quem entender que estou desfasado da realidade e só vomito anacronismos me chame à atenção.
A política não justifica tudo, nem tudo serve para justificar as posições políticas de cada um de nós. Se este espírito maximalista ainda existe é porque é atávico e renasce continuamente, século após século, regime após regime, líder após líder.
Mas eu não estou cá para fazer favores a líderes ou candidatos a tais. O meu pensamento é incómodo mas custou-me muito tempo e sacrifício, tenho mais do que me preocupar do que com as cócegas que ele eventualmente possa fazer a alguém.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Líder é líder ... mas não serve para tudo

Não é pelo domínio em que exercemos a nossa intervenção social que podemos determinar a qualidade da nossa acção.
A ideia tradicional é que havia um crescendo, uma valorização progressiva que levava as pessoas a começar pelos degraus mais baixos de participação até atingirem o topo e transitar depois para outro nível de intervenção.
Começava-se pelo associativismo recreativo, passava-se ao empresarial, ao assistencial, às autarquias e quiçá ao Parlamento. São resquícios do corporativismo salazarista porque os valores em causa são bem diferentes. Pela mesma razão os ensinamentos e conhecimentos necessários também não são iguais.
Houve porém uma fase em que se passou a pensar que líder era líder e o líder servia para tudo, estava bem em qualquer lugar. O que era necessário era ter uns capangas, uns aguadeiros para serem dirigidos e calar. O líder lá estava para pensar e dar ordens.
Criavam-se desta maneira ídolos, pessoas que se desejavam para qualquer lugar. Ah! Se fulano cá estivesse, tiraria ouro donde os outros só conseguem extrair escória.
Quando se referendou a regionalização não faltavam desses ídolos que afinal na sua maioria se veio a verificar terem pés de barro. Também em Ponte de Lima os há. O que fazem é esperar que os que estão no pedestal caiam e acham que estar em associações é fazer curriculum para o futuro.
Temos de ser mais exigentes para com aqueles que lideram as associações da nossa terra e porque não as da região e do país, de modo a fazerem o balanço social da sua actividade.
Balanço, não só para os sócios, mas para toda a comunidade, à qual afinal eles vão buscar a grande maioria dos recursos que utilizam. Não é necessário ter coragem é uma obrigação.