sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Como resocializar a marginalidade

Não faltam pessoas a dizer mal, como não faltam as que digam bem doutros crimes, conforme as exigências próprias. Minoram as opiniões que contribuam para não meter tudo no mesmo saco, mas também para não desculpabilizar alguns marginais legalizados.
Quando alguém acusa outros de haver actos de vandalismo, não raro recebe como resposta que, se vermos bem a coisa, não é tanto assim, até somos uma vila, um país pacífico. É uma solução que o não é, é dizer que com o mal dos outros os que não são por ele atingidos podem bem. E os actos vão acontecendo.
Todo o vandalismo, inclusive o pequeno, deve ser combatido porque é indesculpável. O medo e a exemplaridade das sanções são a única forma de obstar à propagação do espírito de imitação.
O pequeno delito pode ser uma experiência feita por um “potencial” criminoso para testar a sua própria força espiritual. Mesmo sem qualquer inclinação prévia o sucesso de um delito prepara emocionalmente o praticante para um mais grave. Relaxa a exigência que todos fazemos a nós próprios de sermos dignos.
Criou-se a ideia bizarra que o pior maldizente, o delinquente é um espírito fraco que não resiste a uma tentação qualquer. Na realidade ele sabe que está a desrespeitar normas de convívio social indispensáveis e a fraquejar em face das exigências feitas.
Mas ele também se fortalece porque desta maneira assegura o “direito” de ser rico, a ser “respeitado”, de pertencer a um grupo de cultura contestatária e a socializar-se por essa via esconsa. Todos se conformam a que os marginais façam parte igual da sociedade.
A resocialização seria um processo de desvinculação e reorganização de estruturais mentais, um repensar do relaxamento humano que ajude a canalizar e reagrupar as forças pessoais para vencer as dificuldades que a sociedade cria a todos.
Tudo nos serve para julgar as pessoas e a sociedade, mas falta-nos a força moral para exigir aos outros um acto de vontade que vá mais fundo, às razões da nossa existência e que não exigimos a nós próprios.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

A sexualidade e a natalidade, de indutores a incompatíveis

Reduzir a sexualidade a um factor determinante para a procriação já hoje está posto de parte nas sociedades mais desenvolvidas. Hoje até constituirá um factor negativo que leva mulheres e homens ou os dois a rejeitarem os nascimentos com o fito de desenvolver uma sexualidade mais sofisticada.
Nos países menos desenvolvidos ou nos guetos sociais essa ligação primária é fonte de mais miséria, muito sofrimento e de morte. Numa fase mais atrasada da humanidade a sexualidade era efectivamente o estímulo que levava à reprodução da espécie. Mas a libertação dessa ligação é um avanço que deve ser reconhecido.
Hoje, numa fase mais adiantada da civilização, a procriação está condicionada por factores económicos ou provoca efeitos económicos seja qual for o prisma pelo qual se veja. Embora outros factores possam intervir, são estes os principais que o casal tem em consideração para avançar com a procriação.
A procriação é no geral considerada um sinal de esperança e altruísmo pelo que, quando um casal não acorda nela, é porque há desconfiança e egoísmo. Ambos, mulher ou homem, ou os dois recusam-se porque um ou os dois fazem contas e a discussão acaba por se reduzir a haver ou não condições económicas.
Esta é a ideia geral mas a maioria das pessoas não chega aí. Fica por outro tipo de condições, pelos hábitos de vida adquiridos, pela gestão do tempo para não frustrar outros objectivos, pelo sentimento irremediável de perca, pelo temor de que um passado que custou tanto a passar possa voltar a ser o futuro dos filhos.
É muito o tempo, até perto dos trinta anos ou até mais, que a mulher (e o homem) passam potencialmente férteis, com condições para realizar a sexualidade mas não a natalidade. Por isso para obstar à tão fraca taxa de nascimentos hoje existente tem que haver uma preparação psicológica para que aos trinta anos, quando já tiverem algumas condições, os jovens não estejam já tão descrentes na virtude natalícia.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Não te envergonhes, mesmo tendo receio, de seres alegre...de dia

A alegria não é sentimento que ande para aí espalhado como mercadoria sem valor. Todos já tivemos momentos em que queremos levar tudo à séria, deita-se a alegria para trás da costas, que a tristeza ajuda-nos a enfrentar melhor a vida, até a dar mais valor aos momentos de júbilo, de congratulação. Mas abusamos.
E não me venham falar de crise. Dizem que é a ela que devemos o facto de não fazermos meninos, de não brincarmos com os que vão escapando. Não fora a maldita crise e andaríamos por aí aos pinotes, plenos de euforia, até parece.
Mas os países desenvolvidos do Norte já há muito que sofrem dos mesmos males e, com tanto progresso e riqueza, não têm eles deixado de lhes bater à porta. E como nós temos por hábito baralhar tudo, até temos uma ideia que quem tudo baralha é porque é sério, seria bom analisar melhor esta questão.
Uma postura mais comedida, sem ser patética, seria possível se emprestássemos aos nossos actos um pouco mais de alegria, sentimento que contagia, desinibe e estimula. Que o digam aqueles que procuram a noite como mundo apropriado para viver, talvez porque se sentem envergonhados de serem alegres de dia. Para eles a crise até só existe de dia.
Há quem diga que ninguém consegue ser alegre de dia, que o ambiente de dia é demasiado negro, ao passo que o da noite é festivo, mesmo esfuziante. A noite não exige esforço para se ser alegre, não há muralhas, há confraternização, há tão só códigos de linguagem e conduta que todos entendem.O dia não é mais que uma série de sombras, de armadilhas, de sustos e arrepios. Nesta sociedade cinzenta só um louco anda com a cara sorridente de dia. E quando interpelado tem que dizer que é por ter visto um homem a morder um cão, porque é proibido ser alegre, assim só… alegre… como uma garça (leia-se passarinho).

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Falta uma música ambiente que nos anime

Alguém me disse que melhor seria a música que tem constituído o ambiente sonoro das manhãs e tardes limianas ser a do Quim Barreiros, da Maria Celeste e do Marinho. Não vou tão longe.
Se o objectivo é criar o ambiente propício para o Natal, não haveria necessidade de música tão suave e intimista como aquele que se ouve para lembrar a aproximação de uma festa já de si aconchegadora e familiar.
É gratificante qualquer apelo à família que foi e deve continuar a ser o nosso mais importante centro de interesse. À sua volta reúnem-se novos e velhos com diferente empenho em manter laços, relações, simples afinidades sempre importantes para o nosso sistema referencial. Mas o Natal é uma oportunidade única.
Este encontro familiar, cujo carácter não é apenas simbólico, tem sobrevivido a muito artificialismo e corre o risco de ser submergido pelo valor de troca das prendas e por outras manifestações frívolas do universo mercantil. No entanto não vem mal ao mundo que se anime a rua e dinamize o comércio.
A família, mesmo sem as características doutros tempos, mantém o privilégio de constituir um alicerce para edificar a vida. Cabe à família não se deixar enredar por invejas e vaidades. Uma família está unida se todos compreenderem as dificuldades de uns perante a sorte que bafeja outros.
O Natal não se pode transformar num momento artificial, social somente, uma feira em que as vaidades se trazem até à família. Mas também não pode ser um altar de lamentações, de renúncias, de mortificações. Não há razões para viver o Natal escondido.
Uma boa música é uma maneira de ajudar a criar um ambiente salutar, de confiança no futuro, na transmissão familiar, no nascimento. O estereotipo da música de Natal tem mais a ver com o clima que normalmente se faz nesta altura do que com os sentimentos que se partilham nesta ocasião. O Natal de hoje necessita de música mais quente e apelativa.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Muito consumo, pouca consciência

Aproxima-se uma época de muito consumo e pouca consciência. Vivi a fase mais marcante da minha vida rodeado de entidades a fazer a apologia do uso parcimonioso do dinheiro, quando eu, como a maioria de nós, o não tínhamos. Por este indecoro é que nós não ligamos a essas recomendações.
Referia-me em particular às vozes outrora poderosas porque partilhavam de vários poderes, eficazes porque tinham uma repercussão profunda na maneira como a vida era vista pela grande maioria, com autoridade indiscutível pela infalibilidade que a partilha do sagrado lhe dava, e que hoje estão caladas.
Para as mentes daquele tempo o que hoje se passa é um escândalo. É no Natal que o dinheiro mais se esvai. Dir-se-á que é bom, que a economia floresce, que o dinheiro circula, incentiva e cria emprego. Fora o carácter supérfluo que algum deste consumo tem, está tudo bem quando é do nosso agrado.
De resto estou convencido que a maioria do consumo se refere a artigos necessários que poderiam ser comprados em qualquer outra ocasião e que só o são agora por haver mais disponibilidade. Em termos económicos só se poderá por em causa mesmo os produtos que têm proveniências exteriores ao nosso mercado.
Também de nada valeriam as retóricas morais que hoje já não teriam qualquer efeito. É mais salutar ter sentimentos contraditórios do que alimentar sentimentos arreigados. Por isso se é contra e se não é ao mesmo tempo. Por isso se dá prendas ao desbarato para se não ferir susceptibilidades. Por isso se alimenta o superficial em vez de partilhar qualquer sentimento mais profundo.
Mas se vai aumentar o consumo que aumente a consciência. Associemo-nos à campanha antecipada de prevenção rodoviária e ao apelo para que se atenue a mortandade que paira nas estradas. Que se gaste o dinheiro que aprouver mas que se seja comedido na estrada. Que se não gaste displicentemente a própria vida e a dos outros. È a melhor prenda de Natal.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Contra o ruralismo, a artificialidade, a submissão

O progresso provoca alteração dos ritmos, mas estes, só por si, estão longe de ser sinónimos de desenvolvimento. Muitas pessoas adquiram ritmos que nada têm a ver com a sua vida, andam sempre apressados à procura do nada.
Isto será uma “doença”. Como o é estar sempre apático, não alterarmos o comportamento perante qualquer sinal de emergência nossa ou alheia. Diferente será agir com frieza, o que pode ser habituação e profissionalismo e não indiferença.
Entre dois modos de ser tão extremados há muitos outros, mais ou menos louváveis, mais ou menos criticáveis, humanos como houverem de ser. Por aqui não há nada a dizer. Não podemos é defender ritmos de vida ultrapassados ou contribuir para a introdução doutros menos apropriados.
Quando falamos em ruralidade ou urbanidade associamos erradamente estes conceitos a outros que se referem a defeitos ou qualidades circunstanciais. Tudo se quer no seu lugar porque nada mais prejudicial a um dado ambiente do que o artificialidade. Não é baseado em factos isolados que diremos que há isto ou aquilo.
Tudo evolui e qualquer imposição é nefasta. A ruralidade subsiste em Ponte de Lima e até é defensável, se for do agrado de quem nela vive. Mas será abominável se promovida a ruralismo por quem acha que pode tirar partido dele, como realidade imutável.
A urbanidade é defensável e deve ser mesmo promovida como forma de contacto e convívio entre as pessoas. Mas é abominável quando esconde a introdução de comportamentos pretensamente evoluídos ou incomportáveis por demasiado sofisticados.
O maior problema nesta questão é que o maior transmissor de novas maneiras de proceder é a televisão, que o faz com muita superficialidade e artificialismo e que introduz, como comportamentos tipo, modismos e novidades passageiras que deixam rastos perniciosos. Cada um deve fazer o seu caminho, sem renegar o meio em que vive, mas sem se submeter a ele.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Se não se é apanhado pela boca, é-se apanhado por baixo da barriga

Em Ponte de Lima o preço da água consumida é escalonado e altamente progressivo. A relação é quase de 1 para 4. Para quem consumir muito água por mês, a que ultrapassar os 25 m3 é paga a 1,39 €, contra os 0,33 € que todos pagam pelos primeiros 5 m3.
Foi agora introduzido o pagamento do tratamento das águas residuais por indexação ao consumo de água. Utilizaram o mesmo escalonamento quantitativo para preços diferentes e submetidos a critérios diferentes de progressão de valores.
Para as águas residuais a relação é somente de 1 para 1,75. O seu tratamento no excedente aos 25 m3 é pago a 0,72 €, cerca de metade do custo da água respectiva, ao passo que os primeiros 5 m3 já são pagos a 0,41 €, mas superior em 25 % à respectiva água.
Em boa política social quem muito consome deveria pagar os custos da operação dos equipamentos e quem se limita aos consumos mínimos deveria pagar somente uma parte dos custos totais, podendo-se adoptar como critério os custos variáveis.
Dando de barato que assim possa ser, embora se não perceba tanta diferença nos critérios de progressão, a questão assume aspectos caricatos. Todos são convidados a consumir pouca água mas quem o faça paga pelo seu tratamento 125% do seu preço e quem o não faça só paga pelo seu tratamento 50%.
Há quem arranje explicação para tudo. Uns dirão que quem pouca água consome o fará preferencialmente para se lavar e se alimentar e a devolve na totalidade e bem suja à rede de esgotos. Os que consomem muita gastá-la-ão para fins menos conspurcantes e só devolverão uma pequena parte.
Outros dirão que o esgoto do quem consome pouca água é mais denso, bem sujinho como convém. Por exemplo consegue tirar o lixo do corpo com menos água. Já quem não liga à quantidade envia para o esgoto um resíduo mais diluído, deixa correr a água à larga.Não se pode ser pobre. Se não se é apanhado pela boca, é-se apanhado por baixo da barriga.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A nossa defesa está na frágil atmosfera

Para nossa sorte a Terra ainda não saiu da sua órbita e continua a rodar sobre si mesma num movimento que, à nossa dimensão, é perpétuo. Mas, se o Sol, por efeito da conjunção desses factos, continua a baixar no Outono, o calor do Verão não nos quer largar.
As alterações que estamos a sentir não tem pois a radicalidade que teriam se houvesse uma mudança naqueles parâmetros, mas já são suficientes para pensarmos que algo de menos esperado está a acontecer e que muito pior pode estar para vir.
Nós não estamos preparados para tal mutação mas parece que o estará muito menos o coberto vegetal, mesmo as árvores. Tudo e todos estamos a sofrer as consequências da nossa leviandade.
A irresponsabilidade é dos que da economia fazem uma arma da sua ganância e de luta. A insensatez é dos que querem viver no mais imediato e aparente bem-estar, sem cuidar de saber como, nem à custa do quê e de quem.
Comprometemos o futuro de tudo e de todos com as nossas desmedidas ambições, a nossa suprema inveja de beneficiarmos de todas as conquistas científicas e tecnológicas que não estaria nos desígnios do Universo virem a cair na posse de seres tão perversos como os humanos.
Para sobreviver não temos que regressar à idade da pedra mas temos decerto de fazer concessões ao realismo em detrimento da nossa ânsia de avançar às cegas num caminho cheio de armadilhas. Em particular a ciência tem que ter em conta a irreversibilidade ou não de todos os processos de fabrico.
Tudo se desmoronará se não protegermos o nosso escudo atmosférico. Aquilo a que nunca demos importância, o ar, porque o julgávamos imenso, necessita de ser tratado com delicadeza para lhe não retirarmos as propriedades que a sua composição permitiu que nós chegássemos até hoje sem grandes sobressaltos.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Quem preserva a velha aldeia na sua dimensão humana?

Sendo das aves que passa bastante tempo no Largo de Camões, no intervalo dos seus afazeres piscícolas nas mansas águas do Lima, facilmente a garça seria levado a ver o concelho de Ponte de Lima por esse óculo estreito.
Na realidade ela não me transmite esse mal que afecta tantos. A pé, de bicicleta, agora de carro, sempre fez as minhas incursões ao campo, à aldeia. Sempre encontrei aldeões, homens que gostam da sua terra, que adequaram o seu modo de viver e de ser à realidade local, que estão prontos a partilhar com os vilões uns momentos de conversa, de aprendizagem mútua, de convívio.
Quando há festa todos são bem recebidos, seja num bosque, no alto dum monte, nas margens duma ribeira. A festa acontece, a conversa também, ninguém viola o estado de espírito do outro, quem não vive no lugar respeita quem se sente bem integrado num meio que durante séculos foi quase imutável, mas criam-se laços..
Sabemos quanto a terra nos tem fugido debaixo dos pés, quanto as coisas tem mudado, quanta desertificação ocorreu, quanto novos afazeres mais lucrativos fizeram desviar a gente, quanta técnica inovadora contribuiu para o abandono dos antigos ritmos e práticas!
A aldeia perdeu o velho espírito aldeão, é invadida por citadinos que se isolam, vivem lá uns dias mas num mundo aparte, não criam laços de vivência, de cumplicidade, muito menos de amizade. Não se vive com humildade e o espírito do lugar não é respeitado pela arrogância, pela ostentação de um poder aqui sem cabimento.
Ninguém é dono exclusivo dum lugar, dum modo de vida, dum passado. Mas esses inocentes que tentam reinventar paraísos que, é suposto, tenham perdido, antes deviam comprar terras e construir eles os seus lugares, as suas aldeias, e aí nada havia a opor.
São os vilões, mas principalmente os citadinos, que os demandam, invadem, mas não se integram nos lugares existentes, desvirtuam a arquitectura, diluem as suas especificidades, pulverizam e fazem evaporar o seu particular espírito convivencial.E quanto ao seu contributo para a actividade económica local: até o arroz e os jornais trazem na mala do carro. Quantos lêem o A.M.?

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A cultura como arma de arremesso ou forma de estar e interrogar

Uma conversa de base cultural é louvável. A conversa sobre a cultura não leva a lado nenhum. Primeiro porque cada qual, mesmo sem a utilizar em conversa, terá as suas razões para se convencer que a possui em quantidade suficiente para dar e vender.
Depois porque, se há um entendimento generalizado sobre o que é isso de cultura, não há uma abertura cultural que permita que os seus agentes vejam para além do umbigo. Os “homens de cultura” aceitam quaisquer conceitos que lhes sirvam, sem grandes contestações e sem necessidade de grandes interrogações.
Estas, derivadas imediatas das dúvidas, ficam para os filósofos. Quando nem saem da perspectiva da dúvida, ficam para os religiosos, que se martirizam para aplacar as suas. O dito “homem de cultura” não navega nas águas dos filósofos, que pôr o espírito a trabalhar é algo cansativo e de resultados imprevisíveis. Nem nas do religioso, a não ser por ingénua impostura.
Precisa de manter incólume o seu casulo e constrói justificações para êxitos e fracassos. Os amigos encarregar-se-ão do resto, de pôr as trombetas a tocar a favor de quem tão sabiamente percorreu solitários caminhos que o levaram a ter uma auréola inatacável.
Pelas citações que faz, procura só o que possa avalizar a sua postura perante a vida, o homem e o mundo. Armazena muita fraseologia, que a há para todos os gostos, mas, como só procura bodes expiatórios para os seus males, não vai dar quaisquer contributos à sabedoria universal.
Todos aprendemos a não nos deixarmos enganar, que, para construir o nosso caminho, a melhor solução é armadilhar o caminho dos outros. Poucos o não fazem. Quem não privilegia as suas amizades e cumplicidades, mesmo sabendo que é intelectualmente desonesto? Estas coisas são das primeiras que se aprendem.
É a certeza de que há mais do que esta “cultura”, que nos leva a entrar nesta conversa sobre cultura. A falsidade, a duplicidade pessoal, o clubismo não farão sozinhos o seu caminho. Toda a “cultura” que suporta a mais sórdida aleivosia só pode ser de quem se fecha em si próprio e vive de fantasias.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Um bom exemplo para alargar horizontes

À falta de outra utilidade, o Parque Industrial da Gemieira virou local de feira e festa do artesanato e das colheitas. Se pensam que vou criticar desenganem-se: é uma boa iniciativa e tomara qualquer outra freguesia ter um espaço assim para promover as suas actividades, a cargo como é moda de associações culturais.
Aliás aquela ocorrência, não vá descambar para mais uma feira de trapos e sapatos, não desvirtuou o espaço e até leva a que muita gente, que doutra maneira lá não iria, poder ver as possibilidades e o estado lastimável em que vai ficando por falta de ocupação. Nos jardins de uma fábrica que nunca arrancou em vez de flores há mato.
A este parque falta ocupação, mas o que falta em muitas aldeias deste concelho centralista não são mais parques industriais, o que seria insensato, mas espaços desafogados da natureza dos seus arruamentos que permitam realizações festivas, mas não só, sejam locais que possam polarizar muitas iniciativas e constituir o embrião de um centro cívico.
Na maioria do concelho praticamente nada foi feito desde os velhos largos de Freixo e de S. Martinho, este o único com um novo anexo. Até em Refoios, com um pólo universitário, o que existe está atrofiado. Mesmo Arcoselo, hoje Vila tão perto da sua madrasta é um labirinto que não abre horizontes, nem promove o progresso.
Em todo o concelho só encontramos quelhas, ruelas e quingostas, caminhos atrofiados por valados, silvados e muros a cair. A única preocupação por esse concelho além foi asfaltar o caminho para a casa de cada um, colocar um poste de iluminação à porta, nem que a caixa do correio fique no adro da Igreja.
Não é possível por uma auto-estrada à porta de cada um, nem as pessoas querem. Mas é imperioso rasgar, alargar, não estar preso a interesses mesquinhos, imediatos, que as pessoas só lentamente se vão apercebendo da importância, da valorização que se consegue com bons acessos. Já vamos estando longe dos tempos em que as pessoas morriam só por saber que iam ficar privadas de um metro de terra, nem que ele fosse pago a peso de ouro.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Em vez de barreira um acesso

A Câmara Municipal de Ponte de Lima colocou como hipótese a instalação de uma barreira de pedra no paredão que suporta o Largo de Camões e o Largo da Feira, destinada a proporcionar maior segurança a quem por ali passeia.
O paredão é uma construção com setenta e tal anos que se destinou a criar aqueles largos a um nível a que as cheias do rio só esporadicamente chegariam. Para isso foi necessário soterrar o 1º andar dos edifícios.
Esta solução não seria adoptada no Passeio Marginal, tendo sido construída uma rampa em frente à Caixa Geral de Depósitos de hoje para fazer a ligação com a parte que subiu. Também dois arcos da ponte medieval foram soterrados.
Qualquer alteração que agora se pretenda fazer deve ter em consideração a situação anterior e de qualquer maneira caminhar no sentido da sua possível reposição. Tudo seria fácil se aquela passagem sobre estes dois arcos da ponte não fosse a única entre as duas partes da Vila.
Uma maneira de aligeirar o impacto visual daquele paredão para quem vem de Além da Ponte era construir em sua substituição uma rampa/escadaria que permitiria um acesso fácil ao rio e resolveria os problemas de segurança que hoje existem.
Além disto esta solução desanuviaria a paisagem para quem está a um nível superior, permitiria que, retirando também o estacionamento como se pretende, das esplanadas do Largo de Camões se visualizasse a outra margem do rio, que não ele próprio.
Desde que o Passeio Marginal está a um nível inferior e àquela frente da Vila não se pode regatear a beleza, porque não fazer uma transição mais suave entre as praças laterais à ponte e o areal, maugrado faltar a estruturação deste?
Não sendo para trânsito não se justifica uma rampa, antes uma escadaria que permitiria a criação de uma espécie de anfiteatro, vantajoso para muitos dos espectáculos que naquela zona é costume serem feitos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Sem vinho de que nos serve agora a terra?

As vindimas atingiram o auge esta semana. A actividade em que se inserem, a agricultura, está em nítido declínio. A pequena produção deste ano que seria há uns anos uma catástrofe passa hoje quase despercebida e é entendida como a possível tábua de salvação daqueles que persistem em que lhe atribuir algum valor.
Efectivamente espera-se um resultado de tal modo negativo da produção vinícola do verde, que aqueles que por sorte ou arte tiverem uma produção satisfatória verão os seus rendimentos subir de forma que se tornará compensatória.
O sector estava à espera de uma certa racionalização, mas esta maneira tão brutal de intervenção trará mais problemas do que aqueles que resolve, se é que resolve algum dos principais. Só uma profunda reformulação da vinha, com o corte da vinha em zonas impróprias e uma cuidadosa selecção de castas resolverá o problema de fundo: o excesso de produção e a falta de qualidade.
Com o regime de propriedade prevalecente na região do vinho verde, reconheça-se vantajoso porque faculta a quase toda a gente o acesso a ela, para que as pessoas desistam de produzir vinho sem qualidade só com a alteração dos hábitos de consumo próprios e pelas novas exigências da clientela disponível.
Com a diminuição do consumo de vinho que mesmo nos meios rurais passou de elemento importante da alimentação para acompanhamento perfeitamente substituível, muita gente passou a pensar ser razoável não ter uma produção própria e comprar vinhos comercializados para melhor satisfazer o seu gosto.
No fundo esta mudança insere-se numa séria de mudanças que se vêm operando nos últimos trinta anos e têm contribuído para alterar hábitos, economias domésticas, paisagens. A vinha será uma das últimas resistências que, ao se desmoronarem, alterarão a nossa ligação à terra e a nossa maneira de ver o mundo.
Para o bem e para o mal. Ou, se relativizarmos as coisas, para uma diferente inserção do homem destas paragens no mundo.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Porquê tanta pedra, porquê?

Entre a entrada da ponte medieval e a Casa Melo, com as suas revista e jornais, jazem quatro pedregulhos devidamente trabalhados, presumo que à espera que a nossa opinião pública se prenuncie sobre o seu efeito estético e de segurança naquele passeio marginal, nosso miradouro para o mundo.
Claro que gostar gostava de um gradeamento em ferro, suportado por pedras à maneira do que está feito no mercado, de modo a diminuir o impacto visual. Mas como a Câmara é “pobre” e esta solução à base de granito se insere noutras opções igualmente pesadas e é mais barata, pronunciemo-nos.
Estão lá pedras de dois formatos diferentes, um mais pesado que outro. Um dos modelos é constituído por blocos 80x40x50 cm, suficientemente fortes para suster as arremetidas de qualquer vaca das cordas, mas inestéticas quanto baste.
O outro dos modelos é em corte transversal um losango com uma base maior de 80 cm e uma menor de 65 cm e com a mesma largura de 40 cm. Cada bloco mantém a mesma altura de 50 cm, pelo que o seu peso é menor, e o seu efeito é esteticamente menos agressivo.
Mas o segundo modelo poderia ser melhorado se a sua largura fosse reduzida para 30 cm, fosse colocado a facear o parte exterior do muro, não permitindo malabarismos no espaço que sobra do parapeito agora existente. Isto faria ainda que no seu interior sobrassem 35 cm para passeio ou porque não para assento.
Já os próprios blocos não deveriam servir para este efeito pelo que, e até para compensar a diminuição de peso, por efeito da menor largura, poderiam ter mais altura, talvez 60 cm, para os tornar mais inacessíveis e ninguém se vá neles sentar.
Formariam assim uma barreira ainda mais alta, mas não serão também um obstáculo as pessoas que lá se vão sentar em cima dos propostos 50 cm? Bem, bem ficava como está, mas são respeitáveis os temores de quem não se sente seguro ao ali passar, em especial com filhos pequenos.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A publicidade, o desleixo e a fome nas Feiras Novas

Acabadas as Feiras Novas há que fazer um balanço, ponto a ponto que, balanços globais, aparentemente mais apropriados, também não deixam de ser feitos partindo de uma perspectiva particular, a que se dá mais realce.
Gostei do desfile taurófilo. Posso mesmo dizer que me surpreendeu a qualidade dos carros alegóricos. Mas como o não queria só para mim, teve de criticável acabar muito cedo, quando alguns ainda estariam a almoçar e muitos não tinham chegado.
Teria sido apropriado um outro trajecto que permitisse levar toureiros, forcados e bandarilheiros à praça de touros e o desfile se pudesse prolongar por mais tempo de modo a ser visível por mais gente. Não é nossa tradição fazer cortejos tão cedo.
O cortejo etnográfico perde qualidade de ano para ano, correndo o risco de se tornar um desfile publicitário, misturando coisas tão díspares como jogadores de futebol, de golfe e do pau. Eu sei quem merecia levar uma paulada.
Teve coisas quase perfeitas, é certo, como o malhar do centeio ou do feijão, com os figurantes vestidos quase a rigor. Será sempre de realçar a disponibilidade para desfilar em fato de folclore ou de qualquer forma apeada que grupos sentados em anfiteatros montados em camionetas não são o mais correcto.
Um estanca rios estava um brinco e os velhos moleiros estavam um brincão. Mas temos que pôr mais esmero num cortejo, ocupando a hora nobre e por estar copiado por tudo que é festa e romaria, se tem que realçar pela excelência. Aquilo que suscita uns risos leves não chega para fazer a festa.
Têm se ser chamado a colaborar o sector da restauração, que por mais razões de queixa que tenha dos despropósitos da clientela, dos excessos cometidos, da falta de pessoal para o trabalho, do custo da higiene, tem algumas mas não todas as desculpas para fechar.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Espaço de festa e espaço de feira

O ciclo das festas está a chegar ao fim e as Feiras Novas são o ponto mais alto, o simultâneo culminar e coroar de cada fase anual.
Por isto se compreende o afluxo desmesurado de pessoas para ajudar à festa, para participar na feira. Espera-se depois a enchente de gente que há-de dar sentido a todo este aparato.
É bom que usufruamos da festa com toda a inocência de que sejamos capazes. Isto é, sem levar em conta os possíveis efeitos nefastos que um acontecimento destes possa comportar, sem sentimentos de culpa de qualquer espécie.
Mas é bom que se vejam e se não ignorem os muitos interesses em jogo, a quantidade de indivíduos que vêm a festa essencialmente pelo seu lado económico e que na sua avidez podem contribuir para a estragar.
Cada vez mais quem organiza a festa é chamado a ter uma intervenção que lhe retira muita da espontaneidade. Assim se perde muito do carácter genuíno de vários dos componentes da festa.
Mas a realidade é que estas Feiras Novas que agora temos já são em muitos aspectos uma festa nova. Em primeiro lugar pela sua dimensão. As Feiras Novas de hoje não têm neste aspecto nada a ver com as festas de há cinquenta anos.
A verdade é que o espaço, outrora suficiente, quase permitindo uma auto-organização, é agora manifestamente diminuta para tanto pretendente a participar na festa e na feira.
Conciliar festa e feira é o grande desafio para quem dirige este evento. Se a festa apoia a feira e a feira apoia a festa, não as podemos separar, mas temos de ir retirando uma certa promiscuidade que nos faz esquecer o interesse maior que é a festa.
O problema coloca-se na primazia a dar a cada aspecto da questão, na distribuição no espaço. A vontade dos comerciantes é colocar os seus produtos no melhor sítio, que é à frente dos olhos de quem passeia. Mas para passear é necessário que nos deixem.
Corre-se o risco de as pessoas ficarem sem espaço para fazer a sua própria festa.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Garça vítima de bárbara agressão

Foi o Rio Lima que fez de Ponte de Lima aquilo que hoje é. Quase podemos dizer que, depois desta bênção, tudo o que podemos fazer é estragar. Quando a intervenção humana era limitadíssima o Rio era de uma beleza incomparável.
Perdoa-se-nos a Ponte, uma barreira para o Rio, um miradouro privilegiado para a limpidez da água, para o espectáculo dos variados peixes que abundavam, das sazonais lampreias, sáveis, tainhas e até salmões. Da água às margens as brancas areias.
Houve obras inevitáveis, outras talvez não, mas cá e na Espanha os interesses económicos falaram mais alto que as suas naturais consequências na ecologia e na estética do vale. A barragem de “Las Conchas”, inaugurada no longínquo ano de 1949, cortou pela primeira vez o Rio. Secaram-se pântanos e lagoas de “Antelas” na grande planície de “Ginzo de Límia”
Mais recentemente as barragens de Lindoso e Touvedo alteraram significativamente os caudais do Rio, em muitas situações para melhor, porque o tornaram menos agressivo no Inverno e mais bondoso no Verão, mas com inevitáveis efeitos negativos. Há menos arrastamento de inertes, menos fertilização dos campos marginais.
O grande crime terá sido a extracção desenfreada de areia com fortes arrastões que abriram perigosos poços onde não poucas pessoas morreram. As alterações no curso da água, a formação de ilhas, o estreitar das margens, deram origem a uma vegetação invasiva inexistente outrora.
Hoje com estranhas desculpas, querendo apresentar como natural aquilo que o não é, quando já vai sendo possível repor a antiga situação, evita-se qualquer reparação dos estragos que o homem foi acumulando. Onde deveria ressurgir a areia fina plantam-se carros, fazem-se fogueiras, acampa-se livremente.Nada é imutável, mas quem ama o Rio quer que ele volte ao antigo esplendor. Dizia há duas semanas: Se a garça se não põe a pau ainda a metem no churrasco. Parte disso já se confirmou: Estes dias os caçadores deram-lhe um tiro e partiram-lhe uma asa.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A selva de S. Gonçalo

Há um fenómeno que se desenvolve há poucos anos em Ponte de Lima mas que está suficientemente estudado há muito. Refiro-me ao pousio social a que invariavelmente são submetidos os terrenos agrícolas que se querem converter em zona de construção.
Durante séculos a Vila de Ponte de Lima esteve confinada às suas muralhas, só subiu temerosamente a Avenida António Feijó no começo do séc. XX e só se expandiu do mesmo jeito para a Graciosa no pós 25 de Abril. Mesmo do lado de Além da Ponte esteve sempre limitada a duas ruas.
Só nas duas últimas décadas se deu a expansão, nem sempre bem norteada, a que continuamos a assistir. Normalmente enquanto se não constrói os terrenos são deixados ao abandono para desafectação da área ao serviço agrícola e para aguardar a valorização que a viabilidade da construção implica.
Por vezes criam-se impasses, tudo dependendo muitas dessas vezes das pessoas envolvidas, dos interesses em jogo. Os terrenos de S. Gonçalo, no pós 25 de Abril reservados a zona industrial, são agora, e bem, área a edificar. O seu valor é imenso.
Os interesse em jogo são elevados e entretanto deixou-se crescer os silvados e as cobras que não desvalorizam os terrenos. O que podia ser uma zona minimamente estruturada que desse beleza à paisagem é um depósito de sucatas, lixos e dejectos. Como muitos mealheiros quanto mais sujo melhor.
No meio daquela imundice está o S. Gonçalo, cuja credibilidade se desvanece. Até os namorados já lá não vão com medo do isolamento do local. Mesmo assim ainda é o oásis que resta cercado pela agressividade de quem só antevê o quanto aquilo vai render.
Lugar com uma exposição privilegiada em relação ao rio e ao sol, seria a zona mais nobre de Ponte de Lima para quem tivesse veleidades de fazer um projecto de qualidade e com futuro. Mas porque vale muito, porque é um valor garantido, é que está como está, à espera da oportunidade de ouro.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

No Rio corre a nossa alma

A altiva garça está exausta e teme já nada conseguir fazer para defender o seu rio. Antes desta invasão maciça de patos bravos até lhe chamavam a mãe do rio. Agora se não se põe a pau ainda a metem no churrasco.
Afinal não tínhamos a menor preparação para corresponder a esta pressão que os subúrbios do Porto já cá exercem. Com carros, autocarros, caravanas eles estão a um passo e somos literalmente invadidos ao domingo desde as primeiras horas da manhã.
É incontestável o seu direito na busca da água, do espaço aberto, luminoso, natural que não sendo nosso, está sob a administração de alguém. Culpados somos nós que não temos os mais elementares equipamentos, quaisquer meios além dos primários que a natureza nos deu e abrimos o que melhor que temos à conspurcação geral.
Ainda por cima estamos à mercê de todos os Chicos espertos que por cá se vão movimentando sem regras e sem freios. Uma licença obtida na Câmara para uma gelataria tradicional voltou snack-bar para todos os serviços com direito a espetar fortes cabos de aço nas indefesas árvores da Alameda S. João.
Esta permissividade faz daquela medida teatral, melhor diria televisiva, dos placares do lixo, areia para os olhos das pessoas. Parece que as receitas da Câmara tudo justificam. Desde que paguem, abusem à vontade. Este caso é só um dos muitos.
Como Daniel Campelo diz que não temos praias. Então temos um rio, areias, margens e não temos praias? Mas o presidente vira-lhes as costas. Umas vacas, uns cavalos, uma serôdia tendência para o ruralismo, dum espaço livre vai construindo umas ilhas para seu gáudio pessoal. Continuamos a partilhar o espaço com os animais.
O presidente já disse que gosta mais de animais do que de algumas pessoas. Esta antropofobia está infelizmente em expansão e não é nada cristã. É fácil deixar viver as pessoas na imundice e depois chamar-lhes sujos, bestas e outras coisas mais.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Que utilidade dos espaços de cargas e descargas?

A Vila de Ponte de Lima está enxameada de linhas, cruzes, zebras amarelas, que lhe dão uma colorido inédito, mas vá lá que o partido que usa tão bizarra cor ainda não protestou.
Quem protesta sou eu, que, presumo, numa sociedade civilizada bastasse uns singelos sinais para que todo a gente respeitasse as normas do Código das Estradas, aplicadas aqui ao nosso Centro Histórico.
Mas, a não ser assim, a ser necessário reforçar, duplicar ou até triplicar os sinais para que ninguém se desculpe por ser cegueta, então há que dar alguma utilidade à coisa.
São essencialmente locais de paragem para descargas, presumo que para as pesadas, que para as ligeiras ninguém as respeita. Na verdade aquilo que é pesado não raro se leva com um carrinho de mão, o que é leve leva-se sentadinho num carro a cavalos de força.
Nas ruas reservadas a transito pedonal os carros deambulam sem qualquer controlo. Cartas, caixotes, caixinhas, recados, até a encomenda da mulher, servem de pretexto para subir a rampa e atravessar a zona. Dir-me-ão: a gente é pouca, o comércio é fraco!
Este corrupio constante, sem ninguém perguntar ao que vai ou do que vem, não é abuso de compradores, que este, dada a crise e a dita falta de proximidade, seria desculpável, vá lá venham comprar que não precisam de levantar o rabiote, mas é praticado por comerciantes e fornecedores que atropelam todas as regras.
Os mais “espertos” deixam carrinhas umas horas com a caixa aberta, espalham mercadoria pelo meio da rua, que os clientes só compram se se lhes meter a mercadoria nas suas barbas. É a táctica dos bazares marroquinos ou da feira dos ciganos.
Os pisos são um leve capa de granito, as tampas partem com o peso duma mosca, o óleo espalha-se para aumentar as tonalidades, a salitre estende-se, os passeantes que se desviem, que façam zig-zag no labirinto dos privilegiados, supremos bens: Os carros.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

A humanidade não se procura na aparência

Nenhuma pessoa pode ser rejeitada só porque teve um azar na vida, nasceu defeituosa ou não a achamos normal por padrões que só a nós responsabilizam.
Devemos antes verberar a situação em que as pessoas nessas condições se encontram e fazer o nosso possível para que elas tenham um aspecto mais consentâneo com padrões aceitáveis.
Ainda por cima essas pessoas se dedicam à pedinchice, que rejeitamos como desporto nacional, mas que em casos específicos teremos que aceitar, enquanto não houver melhor solução.
Sendo múltiplas as razões que levam as pessoas a esta postura, as soluções também o são. Não serão todas fáceis mas sem tentar é que nada se consegue e as pessoas mereciam-no.
Ao menos comecemos por ser condescendentes, aceitemos as múltiplas facetas da realidade, esta visão do “mal” nos seus efeitos, que as causas que estão a montante devemos repudiá-las.
Uns e outros não façamos das nossas particularidades, sejam elas menos agradáveis ou pelo contrário admiráveis, motivo de ostentação. A naturalidade, se adoptado por todos, é a melhor forma de ninguém ser hostilizado.
Há questões de urbanidade que levam a que ninguém, mesmo no seu espaço privado, possa ser desagradável. No espaço público há ainda regras sociais mais exigentes.
Pedinchar no espaço público sem abuso, sem ostentação das mazelas, sem insistências desabridas, sem destabilizar o ambiente, sem agressividade, está nos nossos hábitos e é uma manifestação de que muita coisa está mal e não deve ser escondida.
Por isso abomino as atitudes de muita gente “bem” que hostiliza um conhecido conterrâneo, que antes devia ser mais apoiado e incentivado a ter um comportamento menos agressivo e repetitivo.
Afinal a assistência social não pode ficar só por fazer relatórios e se ele muito bem sabe que o seu aspecto não é agradável porque não fazer as intervenções estéticas que lhe dêem mais amor-próprio.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A ganância e a desvergonha dos políticos

Não ponho em causa a legitimidade que assiste a qualquer pessoa de ambicionar ser político. Pelo contrário, era imperioso que houvesse concorrência séria e que não deixássemos aos outros a nossa representação por omissão.
A radical italiana Cicciolina pôs tudo o que tinha ao serviço desse objectivo e conseguiu-o. Outros, menos dotados de semelhantes atributos, utilizam outros meios que isto de dar nas vistas, pela facilidade e pouco custo, ainda parece ser o melhor método para um dia atingir tal desiderato.
Mas nós temos de considerar que os meios utilizados dirão muitos das razões e dos reais objectivos que as pessoas têm ao se inclinarem para a actividade política. As razões altruístas que todos invocam, embora neste aspecto não se possam meter todos no mesmo saco, não é causa a acentuar demasiado.
O altruísmo aconselharia que também se não desse tanto relevo ao desejo de reconhecimento social que, sendo legítimo, será aconselhável ser concedido, mas nunca pode ser visto como obrigatório. Quem não aceitar isto tem sempre uma porta de saída, que na política ninguém se pode considerar imprescindível, embora ninguém goste de ser empurrado porta fora.
Tudo deve ser claro para que não hajam participações que fiquem caras à sociedade. Porque isto de dar reconhecimento social a quem já recebe outras recompensas, e muitas não são pequenas, parece-me exagerado.
Há pessoas que não querem outra coisa mas andam sempre a dizer que não têm qualquer satisfação pessoal em serem políticos. Invocam que todos são criticados, sejam ou não correctos na sua forma de actuar. Então defendem que as más vontades só se alimentarão com compensações, mais compensações. Além de gananciosos são desavergonhados.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Logo vêm aí os bares rolantes com o sarrabulho quentinho

Em princípio pensei que seria uma campanha publicitária, alguma nova estratégia de promoção do comércio local, enfim haveria inovação e iniciativa. Mas há destes lapsos, faltou-me um pormenor, era domingo e o comércio está quase todo fechado.
Carros, carrinhas, carros publicitários, atrelados, painéis estrategicamente distribuídos por onde anda gente, que são esses que se querem pescar. Casas de cosméticos, de bicicletas, comida enlatada, soirées para a terceira idade, tudo se publicita.
Estamos em Ponte de Lima, no terreal, nos passeios, no Largo de Camões, salão nobre da urbe. A inundação dominical, maugrado o tempo, cá está, os restaurantes estão cheios, mas afinal, estando o restante comércio fechado, para que serve esta publicidade. Será que esta gente vem cá à semana comprar algo?
Claro que é gente de trabalho e só tem tempo para ir aos hiper, super e quejandos que por todo o lado vão proliferando, quase à porta de cada um. Se ainda ao menos estivessem abertos ao domingo os estabelecimentos propagandeados! Até dava emprego a alguém, as ruas tinham outra cor, mas cada um sabe das suas.
Mesmo assim há outros métodos publicitários mais eficazes do que vir no sábado à procura de um lugar para o mamarracho. Deixar um reboque em pleno Largo, uma carrinha quinze dias estacionada no mesmo local, um reboque abandonado, um veiculo cheio de números de telemóvel, parece uma saloiada do mais primário que há. E depois querem ter sucesso.
O S. Miguel dos restaurantes é o domingo, se outros ramos do comércio querem aproveitar a onda saltem para cima dela, mas armados com os apetrechos necessários. Na sua falta é o comércio ambulante que vai fazendo o seu caminho, qualquer dia vêm bares rolantes vender o sarrabulho quentinho.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Vai ser necessário fazer uns cursos para que se não perca a broa artesanal

Há partidos em que se defende que há assuntos que, por razões conspirativas ou de oportunidade, não devem ser discutidos cá fora, mas sim dentro das suas estruturas. Também há quem tenha as mesmas ideias em relação à sociedade em que vivemos.
Principalmente em relação àquilo que nos pode deixar ficar mal há quem invoque o “dever” de abafar para que esse efeito não seja atingido. Mas se queremos que nada seja feito é mandar recados privados a quem se preocupa só com o “faz de conta”.
A imprensa só executa convenientemente a sua missão se puser a “boca no trombone” e colocar as questões frontalmente sem cuidar dessas sensibilidades totalitárias. Isto vem a propósito de pouco, dirão, mas é por aqui que se revela a mentalidade.
Os feirões de domingo no Largo de Camões com um rancho folclórico são iniciativas simpáticas em que eu participo com gosto. A Associação de Folclore terá incentivado todos os ranchos a fazerem broa caseira para dar relevo às nossas tradições.
Se alguns a fazem a preceito, a maioria fazem-na de modo constrangedor: A broa fica ensebada. A má imagem é evidente e mesmo que seja só para os de Gondomar eu fico chateado na mesma. Não vão eles gozar connosco.
Haverá aqueles que dirão, à boa maneira totalitária, que, se se não falasse, isto passava despercebido. Esta mesquinhez só será abandonada se impusermos outras regras e outro estilo na maneira de abordarmos estes assuntos.
Porque não a Associação de Folclore fazer uns cursos para o efeito de habilitar as pessoas a manter uma tradição que se terá rompido na geração anterior. Já só os avós sabem disto, mas sempre haverá quem tenha brio em fazer uma broa que até devia ser certificada, que nós não temos só sarrabulho.
Amante da broa, broeiro quanto baste, aqui já com privacidade, estou disposto a indicar aos interessados algumas monitoras.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

A política não justifica tudo e os rótulos ainda menos

Quando se quer desvalorizar as opiniões de alguém diz-se que elas têm base política, não passam de politiquices. Mas se queremos fazer uma leitura correcta da opinião de outrem devemos aferir da medida em que ela comporta alguma sabedoria.
O conhecimento da posição política de uma pessoa pode ser tão importante como dos aspectos pessoais, sociais ou intelectuais. Mas isso vale para os dois lados, o de quem comenta e o daqueles que são eventualmente comentados.
É certo que tudo evolui e não se podem colocar rótulos definitivos. Há mesmo quem hipocritamente diga que não é nada daquilo que lhe atribuem, só o é enquanto isso lhe interessa. O coração está num lado, a carteira noutra.
Mas eu não vou por este caminho, nem faço sentenças morais baseadas nestes aspectos relacionados com o comportamento de cada um. As coisas valem politicamente o que valem quando se trata de política, mas valem socialmente o que valem quando se trata do relacionamento social.
E se eu me fosse pronunciar sobre aspectos pessoais fá-lo-ia em termos tais que não haveriam dúvidas. Mas eu não sou juiz embora saiba que há muito cretino empoleirado, mas valha-nos a verdade é que o deixam.
Pessoalmente até admito muito mais que me chamem idiota do que pretendam que as minhas opiniões se devem tão só a razões políticas. Até gostarei que quem entender que estou desfasado da realidade e só vomito anacronismos me chame à atenção.
A política não justifica tudo, nem tudo serve para justificar as posições políticas de cada um de nós. Se este espírito maximalista ainda existe é porque é atávico e renasce continuamente, século após século, regime após regime, líder após líder.
Mas eu não estou cá para fazer favores a líderes ou candidatos a tais. O meu pensamento é incómodo mas custou-me muito tempo e sacrifício, tenho mais do que me preocupar do que com as cócegas que ele eventualmente possa fazer a alguém.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Líder é líder ... mas não serve para tudo

Não é pelo domínio em que exercemos a nossa intervenção social que podemos determinar a qualidade da nossa acção.
A ideia tradicional é que havia um crescendo, uma valorização progressiva que levava as pessoas a começar pelos degraus mais baixos de participação até atingirem o topo e transitar depois para outro nível de intervenção.
Começava-se pelo associativismo recreativo, passava-se ao empresarial, ao assistencial, às autarquias e quiçá ao Parlamento. São resquícios do corporativismo salazarista porque os valores em causa são bem diferentes. Pela mesma razão os ensinamentos e conhecimentos necessários também não são iguais.
Houve porém uma fase em que se passou a pensar que líder era líder e o líder servia para tudo, estava bem em qualquer lugar. O que era necessário era ter uns capangas, uns aguadeiros para serem dirigidos e calar. O líder lá estava para pensar e dar ordens.
Criavam-se desta maneira ídolos, pessoas que se desejavam para qualquer lugar. Ah! Se fulano cá estivesse, tiraria ouro donde os outros só conseguem extrair escória.
Quando se referendou a regionalização não faltavam desses ídolos que afinal na sua maioria se veio a verificar terem pés de barro. Também em Ponte de Lima os há. O que fazem é esperar que os que estão no pedestal caiam e acham que estar em associações é fazer curriculum para o futuro.
Temos de ser mais exigentes para com aqueles que lideram as associações da nossa terra e porque não as da região e do país, de modo a fazerem o balanço social da sua actividade.
Balanço, não só para os sócios, mas para toda a comunidade, à qual afinal eles vão buscar a grande maioria dos recursos que utilizam. Não é necessário ter coragem é uma obrigação.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Os mixordeiros e o direito a uma imagem límpida

Em boa verdade nunca vi nenhum Limiano que quisesse roubar a Viana do Castelo aquele título que esta se atribui de Princesa do Lima. Os Vianenses gostam, até lhe fica bem e a nós não nos faz mal. É um nome feminino, delicado e as nossas mais agrestes terras do interior terão outros atributos igualmente louváveis.
Quando vi um placard na Rotunda de S. Gonçalo a reclamar aquela designação fiquei chocado, quem teria o atrevimento de vir agora apropriar-se de coisa alheia. Não teremos nós a criatividade para não andar a copiar os outros? Sosseguei porém quando vi que havia uma fotografia de um copo de cerveja com referência a uma determinada marca. É esta cerveja a pretensa Princesa.
Os criativos da publicidade têm por vezes destes ideias mirabolantes. Querem associar o seu banal produto a um outro de qualidade e fazem-no sem olhar a que os outros também têm direito à imagem e a que ela não seja associada a qualquer coisa de baixo valor. A publicidade agressiva não pode chegar a tanto.
Ainda por cima a ousadia desta marca cervejeira que faz as suas mistelas com água do Paiva ou do Douro e sem pitada cá da nossa, vai ao ponto de vir cá fazer concorrência ao nosso saboroso néctar de uva, esse merecedor de todos os títulos deste género e de referências em todas as pantalhas e esquinas.
Já nos não chegava a saga do queijo Limiano que, tendo aqui o seu berço, é agora um filho pródigo que nos foi retirado de modo menos correcto. Valha-nos perpetuar o nosso nome e espalhá-lo por esse mundo além. Como muitos emigrantes teve o seu parto em Ponte de Lima mas não lhe pudemos dar o preciso alimento.
Essa água choldra não tem Pátria, faz-se desde que haja ingredientes e um rio perto, mas se se quer ligar a algum lugar que seja ao da sua origem. A Galdéria não venha cá chamar pai ao Lima, vá chamar pai a outro, sua Princesa do Douro (ou do Paiva).

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Como implementar uma economia ecológica

A nossa preocupação ecológica já vem de há muito, mas só nas últimas décadas assumiu carácter mais sério com a avaliação e o rigor científico que se colocou na sua análise. Falava-se em poluições, mas só as alterações climáticas fizeram suar o sinal de alarme. O ambiente está enfim no domínio das decisões políticas.
Por mais passos que se dêem, e agora o G8 deu um pequeno passo, não podemos dormir descansados. O problema tem de ser visto na sua verdadeira dimensão, com a extrema gravidade que deriva de estar em causa o futuro da humanidade.
Nós indignamo-nos com a leviandade com que se continua a tratar estas questões, com a indiferença que a maioria de nós manifesta em relação a elas. Vai-se pretendendo sensibilizar as crianças, mas são tantos os maus exemplos à sua volta que é de duvidar da sua eficácia, se não envolver os mais velhos.
Toda a sociedade está envolvido num consumismo glutão que contorna a realidade e cria a ilusão de que os cientistas resolverão todos os problemas e os políticos actuarão na hora exacta em que já mais nada houver para fazer.
A força determinante na sociedade é a economia. Ainda por cima é uma força anestesiadora que actua selectivamente sobre o nosso cérebro. E está hoje interessada em que se queime todo o petróleo que existe, que depois se acabe com o gás natural, que se produza cada vez mais e se polua cada vez pior.
Nós próprios, poderosas forças económicas do lado dos gastadores de bens e produtos directa ou indirectamente poluidores, contribuímos sobremaneira, com a irracionalidade do nosso comportamento, para o agravar da situação. Temos de deixar de acreditar na força depuradora da natureza.Consumimos carne de vacas altamente poluidoras, gastamos gasolina, plásticos, óleos, metais, acima de tudo destruímos energia não renovável ou obtida por processos poluentes e cujo consumo mais poluição provoca. Não invocamos o fundamentalismo mas perguntamos: Onde andará o bom senso?

sexta-feira, 15 de junho de 2007

O que nos falta daquilo que os Galegos têm?

O aumento significativo do PIB Galego nos últimos tempos dá azo a muitas e variadas interpretações, a favor desta ou daquela causa. Terá este facto a ver com a regionalização operada em Espanha, com a dinâmica nacional, com a estrutura activa, com a preparação do activo laboral, com o dinamismo empresarial, com a capacidade para atrair investimentos, com as condições naturais?
Normalmente a análise mais fácil é feita em termos comparativos e mediante conclusões rápidas do tipo: O nosso atraso deve-se ao que cá nos falta daqueles factores e que eles têm em quantidade adequada.
O certo é que a economia, se fosse assim tão simplista, qualquer merceeiro podia ser Ministro da dita pasta. Mas podemos dar de barato que todos aqueles factores têm a sua importância relativa e só a sua conjugação permite obter bons resultados.
Se as coisas não estão pior do lado de cá da fronteira, do Minho ao Douro, de Ponte de lima a Marco de Canaveses, é porque muito trabalhador de cá só lá encontra onde labutar e trás para cá algum daquele PIB lá gerado, mas, e ainda bem, nem todo lá distribuído.
É um pequeno quinhão mas já permite que se diga que em Ponte de Lima não há desemprego, porque os nossos têm de trabalhar e morrer na Galiza. E permite que se diga que o aumento daquele PIB não é assim tão linear, mas afinal também corresponde a um aumento da massa laboral.
De qualquer modo, se o produto do trabalho dos nossos deslocados fosse realizado do lado de cá, maior bolo cá ficaria e menos dependentes seríamos daqueles que para seu proveito nos vão fornecendo esse trabalho, porque são os donos dos meios.
Afinal o que nos falta para termos a atractividade da Galiza, principalmente se pensarmos que a Galiza partiu de um patamar semelhante ao nosso e foi durante séculos vítima dos mesmos atavismos que sempre nos trouxeram agarrados ao passado?

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Aquilo que ninguém lê mas fortalece a nossa identidade

Nunca foi de pensar que nos velhos reside toda a sabedoria. Pelo menos com esta generalização. Um mito que se criou é que os velhos teriam sempre algo a dizer na hora da morte. Se este mito foi criado com a ideia de que se respeitassem os velhos até à dita cuja, reconheço que a intenção até foi boa.
Porém, para provar isto, só conheço aquela história do J. M. Fonseca, grande empresário dos vinhos em Setúbal. Tendo já ensinado tudo o que havia para ensinar na arte de fazer vinho, resolveu à hora da maldita revelar o seu maior segredo, aquilo que os filhos não tinham precisado de saber até aí: Meus filhos têm de saber um grande segredo, há um vinho que se faz com uvas!
De resto os velhos sempre vão transmitindo a sua sabedoria ao longo da vida. De tal modo que os novos, não contando com qualquer herança extra na hora fatídica, colocam os pais onde eles menos incomodam, à espera da estaferma. Os novos não pensam que também seria melhor prepararem-se para virem a ser eles os velhos que no futuro os filhos tratarão da mesma maneira!
Está provado que não se pode ser velho, que os velhos são vistos como uns inoportunos e enfadonhos, pelo menos quando têm os bolsos vazios. Um velho é muito pouco respeitado e cada vez mais pobre. Além disso facilmente sisma: onde terá ele errado?
Resta ao velho assegurar o seu lugar dando à luz a história da sua vida, das vicissitudes por que passou. E o melhor é passá-la a escrito com o fito de a estruturar. Não servem choradinhos, traições, mentiras de que se achar vítima, mas os medos e inquietações por que terá passado.
Não tenham receio de que os filhos não venham a gostar, porque eles precisam de compreender, para se tornarem guardiães da herança familiar. Não falta quem, achando-se bem sucedido, dos vindouros faça vencidos, por isso não veneráveis. Veneram mais depressa um qualquer Chico Esperto.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

O estranho silêncio sobre o T.G.V.

O tema não tem sido abordado, não se têm manifestado preocupações, muito menos oposições ou apoios à passagem do TGV por terras limianas, o que já é entendido como certo por espanhóis e portugueses.
Podíamos ir mais longe e questionar a validade do projecto em si e andaríamos aí indefinidamente à volta da sua falência económica e da sua necessidade política.
Mas aqui manda quem pode e parece que estamos mais dependentes da vontade europeia e galega do que da nossa própria. São assuntos que, dizendo-nos respeito, nos ultrapassam.
Fiquemos pois tão só pelas implicações locais, porque nós só temos que ceder a passagem e desejar boa viagem. Por exemplo é garantido que paragem do TGV aqui não vai ter.
Mesmo não sendo um daqueles super rápidos, mesmo sendo a sua velocidade limitada, a sua eficácia exige poucos apeadeiros. O resto do trajecto que seja feito pelas normais estradas de Portugal.
Portanto entre o Porto e Vigo parará em Braga e já é bem bom, dizem. Nós cá vamos suportar todos os inconvenientes. E benefícios? Nenhum. Mas eles dirão que não têm culpa de estarmos aqui. E já não há coutadas, pelo menos quando isso lhes interessa.
São conhecidas as dificuldades provocadas pela deslocação do ar, o corte em dois do espaço circundante. Esta barreira torna-se intransponível para muitas espécies animais, mesmo para o homem. Esta barreira vai condicionar muito o futuro.
Só a irregularidade do solo, obrigando à construção de muitos viadutos e túneis, permite alguma circulação, nem tudo é mau. Mas se esta linha vai contribuir para o progresso, deveria haver muita gente a reclamá-la para si. Não é estranho?

sexta-feira, 25 de maio de 2007

O falso padrão televisivo

A maior ilusão que nos foi criada é a televisão. Persegue-nos por todos os lados, sem que nós nos apercebamos disso, antes pelo contrário, nós temos a ilusão que passeamos pelo mundo.
A verdade é que isto talvez não fosse grave, não fora nos ausentarmos inadvertidamente do sítio em que nos encontramos. É tão grande a quantidade de outras aparências que ela nos cria que já dificilmente nos imaginamos como sendo só do nosso lugar.
Uma delas é a estarmos próximo de tudo, de repente parece ser tudo familiar, já nada estranhamos, tudo nos aparece pela casa dentro já devidamente tratado, editado como dizem, pronto a ser assimilado pela nossa inteligência televisiva.
É-nos criada a ilusão de que já sabemos de tudo, estamos aptos a discutir as questões mais complexas, seja qual for a sua natureza. Seria bom se a televisão nos despertasse para procurar saber mais através de outras vias, mas falta-nos tempo para isso.
Na realidade estamos cada vez mais afastados do que verdadeiramente interessa, com a atenção demasiado dispersa, sem benefício que se veja em termos de compreensão do mundo, de solidariedade para com os povos mais infelizes.
Descuramos os contactos com os que fisicamente nos estão próximos, os diálogos directos, que não sejam sem a intermediação dessa presença obsessiva dos projectores que só captam os contornos da realidade que se salientam pelos aspectos mais marcantes e excessivos, seja pela positiva ou negativa.
Temos que ser mais selectivos, escolher melhor os motivos de interesse que nos devem despertar mais a atenção, ler mais jornais e livros, utilizar a Internet com moderação, mas acima de tudo conversar mais, dialogar, procurar compreender os outros e criar os laços saudáveis que a televisão nos não ensina a tecer.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

A profunda crise da vitivinicultura limiana

A estrutura do território limiano assentou durante séculos essencialmente em quintas. Eram unidades auto suficientes que englobavam os melhores terrenos, os melhores bosques, as melhores nascentes, mesmo que fora do seu domínio e que ocupavam na sua maioria de quatro a doze hectares e excepcionalmente chegavam aos cinquenta.
Uma boa quinta dava para várias produções, para o regadio e para o sequeiro, para alimentar os animais de Verão e Inverno. Salvaguardados os aspectos sociais, esta visão tornou-se para o nosso espírito quase idílica.
A vinha contínua alastrou-se por tudo que é sítio e destruiu este equilíbrio assente na cultura promíscua. Hoje, com a crise no mercado do vinho verde muitas quintas ficaram ao abandono.
Este é o ano alfa de todas as catástrofes agrícolas. Muitos agricultores não aguentaram viver com créditos de dois anos por solver. Ao terceiro ano a corda rebentou.
Quem der uma volta pelo concelho vai ver um espectáculo degradante. Já não são só latadas, mas também os bardos que foram cortados ou ficaram sem poda a dar uvas para os pássaros. À espera de um subsídio para o seu corte pela raiz, talvez.
Mas também quintais de menor dimensão vão sofrendo o mesmo destino cruel. Com os donos a terem que trabalhar cada vez mais longe quem os há-de cultivar?A insistência em que a transferência da Adega Cooperativa resolveria o problema do nosso vinho verde parece irrealista.
Foram tantos os erros cometidos pelas gestões anteriores, é tão fácil cair, que, para subir, só com apostas mais especializadas, estruturas mais leves, vinhos de quintas com vinificação centralizada e aposta na reconquista dos mercados tradicionais.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Continuará a haver Cavalos de Tróia?

Em Ponte de Lima quando se faz algo bem feito não se deixa cair o mérito na rua, toda a gente é ciosa de o guardar. Mas já, quanto ao que está mal, todos lavam as mãos, é invariavelmente obra dos outros, invariavelmente dos que não fazem nada.
Não sei como isto é possível mas já admito tudo. Há quem pretenda que o que existe há séculos foi construído ou desenterrado há poucos anos. Também ninguém quer falar do nosso verdadeiro passado como que haja vergonha dele.
Se a recuperação do Centro Histórico de Ponte de Lima jaz parada, a culpa é de alguém. Tarda a recuperação dos prédios mais avantajados e em estado de degradação avançada. Questões burocrático/legais? Dificuldades económicas?
Mesmo correndo o risco de ficar sem o meu lugar no Largo de Camões (o Zarolho da Paula) é imperioso que se faça algo. Os proprietários, os que herdaram ou comprarem com intuitos honestos deveriam ter facilidades e apoios. Dos especuladores não tenho eu pena, mas aqui o resultado é que deveria importar mais.
Para todos os efeitos interessava que fosse criado alojamento na zona histórica. De certo que escritórios também, eram precisos embora não haja empresas e mesmo estas os instalam cada vez mais junto aos locais de produção. E comércio especializado que o grossista não cabe aqui, deixá-lo para as rotundas.
Ponte de Lima tornou-se um concelho marginal desde que deixou de ter significado o intercâmbio com a Galiza. É necessário retomá-lo, integrando-nos no movimento de ligação transfronteiriça, mas não veja iniciativas, a não ser mandar para lá trabalhadores.
Manietado pela dinastia de Avis que conseguiu introduzir dentro das suas muralhas um cavalo de Tróia, Leonel de Lima. Irrelevante no próprio Minho, Ponte de Lima podia ter sido um concelho estandarte, tornou-se um concelho submisso. Por mais que alguns se queiram pôr em bicos de pé.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Um emblema turístico para Ponte de Lima ou para o Minho?

Está em curso uma campanha de promoção turística do Algarve que assenta na palavra “Allgarve”. Com ela se pretende significar que o Algarve tem tudo o que é necessário em termos turísticos para os mais diversa clientela de diferentes idade, preferências e carteiras.
A promoção turística tem de assentar em termos simples, de preferência um só termo, uma marca, que diga tudo às pessoas. Neste caso pela própria natureza da palavra, uma sobreposição do “All” em inglês significando tudo, à nossa Algarve.
A Câmara de Ponte de Lima quer lançar uma marca “Ponte de Lima”, cujos méritos têm que ser analisados colocando-nos na posição daqueles que procuram um destino turístico sem possuir grandes referências, mas o querem para uma estadia mínima.
Ponte de Lima esteve ligado ao nascimento do turismo de habitação e derivados, mas com a expansão deste perderam-se muitas referências, além de que se destina a uma clientela muito específica e limitada por natureza.
Por mais que procuremos esticar o nosso património, edificado e natural, por mais valioso que ele seja, não é suficiente para justificar uma estadia prolongada e o turista só se engana uma vez.
Os eventos, Vaca, Feiras Novas, são de referência mas por natureza temporais. O sarrabulho, nas actuais circunstâncias, não é sequer um emblema de que nos devemos orgulhar.
O turismo de Ponte de Lima tem de estar englobado numa mais vasta estratégia promotora do Minho com as suas particularidades, tonalidades, paisagem, sabores, património, passado. Afinal daqui nasceu Portugal: Minho, o coração de Portugal.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Quem teima em deitar poeira sobre Abril?

A Primavera não influencia somente a vida vegetativa. Os seres revitalizam-se, os ânimos rejuvenescem. Depois do descanso do Inverno, encontram-se novos motivos para gostar da vida, novas forças para levar de vencida o imobilismo desgastante.
Em 1974, após o choque petrolífero, o isolamento internacional, a recepção pelo Papa dos líderes dos movimentos de libertação das colónias, os militares pensaram que era a altura de mudar. O regime não podia chegar ao Verão, estava moribundo e deram-lhe o golpe de misericórdia a 25 de Abril.
Tão longe porém estávamos nós de ter um acordo mínimo sobre um caminho a seguir, sobre que princípios civilizacionais adoptar. Demorou o seu tempo o período de indefinição. Os acontecimentos internacionais foram entretanto contribuindo para o apaziguar das divergências e foram solidificando os pontos de convergência.
Pode-se dizer que depois de um golpe que apanhou todos de surpresa nunca se chegaria a um qualquer acordo, que todos os que já estavam no terreno procuraram tirar daí vantagens.
Mas, colocadas na super-estrutura as coisas numa certa ordem, muitos passos foram dados e actualmente a convivência está estabelecida dentro de parâmetros aceitáveis.
Mesmo assim muita gente está insatisfeita, foca a sua ira sobre os corruptos, os malabaristas, os oportunistas, os gananciosos. Há efectivamente na sociedade uma zona enevoada que custa a ganhar transparência.
O Bloco Central é o maior culpado, mas não só. Tarda a que certos protagonistas tenham vergonha e o poder judicial tenha eficácia. Enquanto isto acontece, melhor será pôr uma tarja negra sobre o 25 de Abril.

terça-feira, 24 de abril de 2007

O sucesso deste sarrabulho não é o sucesso de Ponte de Lima

Cada pessoa já tem sucesso se conseguir atingir boa parte dos objectivos que fixou e vai continuamente fixando para a sua vida. No entanto há uma outra forma de avaliar o sucesso que não passa pelo grau de satisfação/insatisfação de cada um.
É o sucesso mediático, que normalmente obriga as pessoas a distorcer o seu percurso de vida, a concorrer para um espectáculo que não será o mais adequado ao equilíbrio da sua vida. O difícil é conciliar as duas formas de sucesso. Quando uma, a mais fácil, compensa a outra diz-se que a pessoa vendeu a alma ao diabo.
Um Concelho, uma Vila são organismos vivos que têm alma, a alma do lugar, inviolável e imanipulável. Também essa alma tem os seus motivos de satisfação e insatisfação.
O mediatismo faz com que a estas almas sejam assacados outros objectivos com que aparentemente se vai identificando. Na verdade a alma vai digerindo, digerindo, até chegar ao que é realmente intragável. Daí ao enjoo e ao vómito vai um passo.
Os dilemas destas almas são muitos. Na gastronomia passa por: Ou criar bízaros com alimentação própria, estabelecer uma linha de produção, definir um padrão de qualidade, optar por uma clientela mais exigente e que pague o cuidado; Ou por gastar suínos e sangue espanhóis, criados intensivamente e sem grandes primores, vendidos a preços de concorrência e optar por uma clientela massiva, disposta a comer “bem” e gastar pouco.A alma intangível do lugar por que lado estará? Por quem a quer mostrar mais purificada e bela, mas sem sucesso aparente ou por quem a quer manter escondida, sacrificando-a a uma aparência de sucesso, para não matar a galinha dos ovos de oiro? A alma pura ou a alma mediatizada? A verdadeira Alma sofre, tem o sucesso que lhe atribuem, mas nunca se deixará vender.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Os bichos, as podas secas e os infestantes nas Lagoas de Bertiandos

Quando se vai a qualquer lado há hoje roteiros turísticos, culturais ou com outros fins para nos guiarem. Normalmente porque o tempo é escasso, tem de se aproveitar a experiência dos outros para utilizar o tempo da melhor maneira.
Comigo, se puder, troco as voltas e faço o meu caminho. Num outro dia assim fiz. Chegado à zona da Paisagem Protegida das Lagoas meti-me a fazer o percurso das tapadas a partir da entrada de Bertiandos. Aí se situa a ponte românica na confluência de dois ribeiros, com as pedras gastas por seculares rodados de carros
Às tantas chega-se a um passadiço e o primeiro percalço surge com uns bichinhos repelentes que se encobrem com espuma numa espécie de planta com folhas lisas, quase ovais e pouco dentadas.
Logo à frente depara-se com um grande corte na vegetação feito para a passagem de uma linha de alta tensão, perfeitamente desviável. As árvores e ramos cortados lá continuam.
Chegado ao Rio Estorãos, segui pela sua margem esquerda e vi os efeitos nefastos de uma intervenção que há anos fizeram com máquinas para limpar o Rio, não respeitando as suas margens e desestabilizando-as. Agora cai tudo para o Rio.
Como não gosto de voltar pelo mesmo caminho, segui, já sem grandes condições, mas de modo a ver ainda os restos de um portão que já lá existiu. Mas a seguir o pântano.
Consegui passar, com cuidado não fosse acordar alguma lontra, contornei, evitei tocar nos arbustos não fosse escarmentar alguma carriça ou felosa, até chegar ao passadiço e ao descanso.Se em tempos já aqui andaram vacas a pastar, seria mais apropriado preservar esse bucolismo, mas de verdade, é irrealista. Aproximar à realidade, acabar com exóticas e infestantes, trabalhar aquilo que ainda o possa ser, aí ainda há muito a fazer.

terça-feira, 17 de abril de 2007

As nossa intimidades à vista de todos no Largo de Camões

Se alguém pensava em safar-se, estava enganado. Daniel Campelo tem para todos. Tem para os suburbanos, gentes sem alma e sem apego à terra em que vive, quanto mais à terra dos outros, que vão continuar a levar com a frontalidade do cartaz “Seja limpo ou vá-se embora”.
Mas também tem para nós, nós que julgávamos já ser uns burgueses, com mais alguma plasticina urbana do que eles. Também nós vamos levar para que não nos armemos em defensores de gente com que nos condoemos sem razão.
Se não servimos de exemplo pelo lado bom então vamos servir de exemplo pelo lado mau. Aprontem-se meus senhores que no dia 5 de Junho, Dia do Ambiente, vamos ver todas as nossas intimidades devassadas no Largo de Camões. Que o lixo diz muito daquilo que nós somos e estejamos preparados que Daniel Campelo disse que no lixo aparecem coisas inimagináveis.
Aceitemos o nosso papel de vilãos. Se somos maus, o nosso lixo é mau, mas a televisão não faltará a este grande espectáculo de lixo colorido e multi-aromático. E isso é a parte mais importante para nos tornar famosos por mais este feito relevante.
Não abusemos. Será melhor que o que de mais íntimo nós temos, aquilo que mais diz de nós seja da casa de banho seja da cozinha, o reservemos em casa para o deitarmos nos contentores no dia seguinte. Não se vá estragar o espectáculo.
E não deitem papéis comprometedores, do género dos pedidos de pagamento de facturas não pagas, das cartas escritas por algum namorado/a mais coscuvilheiro, nem muito menos a resposta que lhe tenha sida dada com tinta menos convencional.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Fazem tanto barulho os Papagaios por um curso de Patos-Bravos que lhe não serviu para nada

Se o nosso Primeiro-Ministro quer pôr toda a gente com o décimo segundo ano de escolaridade, porquê tanta chinfrineira por ele ter uma licenciatura? São uns ingratos. Estou em crer que ninguém vai dizer que não e todos vão aceitar o diploma. Afinal mais um até dá jeito para lhe colocar uma moldura e a pôr lá em casa à beira da gravura do Santo da devoção de cada um.
Muita gente chega onde outros com mais canudos não chegam pelo que aprende ao labutar e pelo esforço próprio. Não está à espera da certidão para trabalhar. Não estou a falar na função pública porque aí impera a Lei do Canudo, mas a sociedade não é só este mundo que, por culpa dos seus dirigentes, apoiados nos políticos, é degradante e manipulado.
A formação não se procura hoje só na Universidade. Também a informação se pode buscar nos livros, nos jornais, na Internet e cada um selecciona-a ou pelas suas necessidades profissionais ou académicas. Dada a grande quantidade de informação existente é aí que a Universidade pode ter um grande papel na sua selecção.
À Universidade também poderá servir de júri, avaliar por critérios de rigor, validar e certificar as competências. Mas tem que ser menos uma criadora de “papagaios” e mais uma orientadora da formação e promotora da abertura de novos caminhos. Salvo algumas naturais excepções, não pode orientar a sua formação para o funcionalismo público. Não se pode comprar na Universidade o emprego de cada um.
Não haveria cursos mais adequados para José Sócrates certificar as suas competências senão a Construção Civil, o curso dos Patos-Bravos? O júri dos políticos, caso de José Sócrates, é o eleitorado. Só enquanto houver tachos, como o do Armando Vara, é que aqueles cursos fazem alguma falta.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Aqui não estou em boa companhia!

Não podemos ter sol na eira e chuva no nabal. As coisas complicam-se quantos mais objectivos se quiserem atingir. Queremos vender muito sarrabulho, ter muita gente no fim-de-semana, queremos ser falados por sermos hospitaleiros, queremos ter a Vila limpa, as águas cristalinas, as areias reluzentes.
Facilmente reconhecemos que não haverá Português que se preze que nunca tenha vindo a Ponte de Lima. Vir cá, como diz um colunista, tem o mesmo significado que tem para os muçulmanos ir a Meca. Todos ficamos satisfeitos, mas tudo é passageiro.
O que assume carácter definitivo é a correria de fim-de-semana dos suburbanos do Porto para cá. Se alguma qualidade vem, no meio de tanta bagunça, ela se perde facilmente. E é sempre a maioria que dá a matiz a estes movimentos.
A suburbanidade é um fenómeno que nós desconhecemos, na vivência dos seus efeitos na vida diária, pelo que nos custa compreender a maneira como esta gente se comporta, tais pássaros tontos que nunca estiveram fora da gaiola.
Mas a Câmara e a Associação Empresarial parecem compreendê-los. Instalam uns monstros a pedal na Avenida dos Plátanos, para que eles possam dar largas aos seus instintos mais primários, se pavonearem pelo meio dos transeuntes.
Também se não pode andar a dizer que o sarrabulho cria 1.500 ¿ postos de trabalho e querer fazer uma selecção apurada de quem frequenta estas paragens. O sarrabulho é cada vez mais uma comida de “pobre”, o lucro está na quantidade.
A Câmara apercebeu-se enfim que a maioria só vem cá para fazer lixo, ter-se-á esquecido do barulho. Mas a mensagem é tão contundente que se eu fora a uma terra assim diria que não estava em boa companhia. Há o perigo de perdermos os melhores ¿

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Os recipientes não se põem ... para que quem cá vier leve o lixo consigo

Um dia sugeri que a Câmara Municipal de Ponte de Lima exigisse ao Sr. Valentim Loureiro uma comparticipação na limpeza e no arranjo das nossas praias e jardins pela passagem dos gondomarenses que nos visitam no fim-de-semana.
Como na sua terra não fazem lixo, não causam problemas, respeitam as regras e se cá têm um comportamento diverso é legítimo que sejamos ressarcidos do custo do serviço que cá lhe é prestado, seja tão só pôr à sua disposição um local de veraneio, de espairecimento das vistas, de desopilação dos fígados.
Disseram-me que era problemático, que a Lei das Finanças Locais não prevê este tipo de transferências financeiras, além de que seria difícil destrinçar tanta gente por local de origem para emitir as respectivas facturas, que o Valentim não iria pagar tudo.
Talvez por esta dificuldade, a Câmara decidiu declarar indesejáveis aqueles que não sejam limpos e convidá-los a irem-se embora … mas levando o lixo que tenham feito.
O slogan “Diga não ao lixo!” é um convite para que os nossos visitantes tragam sacos para guardarem o lixo e os levem para as suas terras. Consegue-se assim manter Ponte de Lima limpa e a Câmara não tem que pagar o tratamento do lixo.
Nada mais justo, mas convinha ficar melhor explícito nos cartazes que foram espalhados nos acessos à Vila e na Alameda de S. João. Está certo que, conjugando o que lá está escrito com a inexistência de recipientes em quantidade e com a localização devida, a conclusão só pode ser precisamente essa.
Mas que tal “Seja asseado e … leve o lixo consigo!

terça-feira, 3 de abril de 2007

O perigo de cair na vulgaridade

A generalidade das pessoas sempre gostou de festas e eu não fujo à regra. Gosto daquelas festas de várias horas, de ficar, de um ou mais dias, festas de arromba, e mais não digo.
E entre elas, claro, das Feiras Novas. Dentro destas cabem várias festas, festas para muitos gostos, que juntas fazem uma grande festa. E gosto também da vaca das cordas, da vaca nossa amiga, com quem brincamos e cuja dignidade “vacum” não deixamos de defender e dignificar.
Gostando eu destas festas permitir-me-ão colocar a questão: Se nós temos o privilégio de ter duas festas de horário nobre, daquelas de telejornal, coisa rara neste País para a nossa dimensão, não deveríamos apostar mais e melhor nelas, em vez de promover outras que são incógnitas?
Primeiro porque a nossa vida não nos permite estar sempre em festa, que se há quem viva da festa, a maioria de nós gasta o seu dinheiro e o tempo que lhe pode fazer falta para outros fins. E se não for assim a festa também não presta.
Segundo porque não podemos cair na vulgaridade. É preciso estar sempre à frente dos outros em alguma coisa. Depois porque ninguém se convença que naquelas festas já atingimos a perfeição.
Desperdiçar energias e recursos por mais festas parece-me desadequado, antes nos deveríamos concentrar no género que sabemos fazer bem. A Câmara vai apostar este ano numa Feira do Cavalo, tudo bem, é arriscado, é arrojado, não faço vaticínios.
O principal interesse irá incidir nos cavalos que nos irão visitar. Mas também seria bom que se desse o devido realce ao nosso cavalo, que já tanto serviu para levar as pessoas, o padre e o médico por montes e vales e que há uns anos foi expulso para os altos das serras mais altas, mais livre e bravio que outrora.Tragam nesta ocasião de volta o nosso altivo e leal garrano!

sexta-feira, 30 de março de 2007

O Verdadeiro Contra Informação

Diz lá! … o que se passa? … para quê tanto segredo? … Ah! … Afinal! … Sim! … pois! … essa é boa! …parece impossível! … e eu que nada sabia! … mas que grande novidade! … já nada me espanta! …
Quem assim fala é um típico Contra. Faz perguntas, quer saber tudo, fala de todos entre dentes e de ninguém, que se ouça. È contra tudo e nada assume. Só se ri dos que perdem, que dos vencedores se aproxima sempre que pode.
O Contra é um perfeito manipulador da informação. Procura estar onde tudo se sabe. Não tem qualquer amor à verdade mas põe a “informação” a circular com o máximo de rapidez.
O problema está na limpidez com que essa informação circula. É que se o meio de comunicação estiver sujo, a informação sairá conspurcada. Que ela possa prejudicar alguém ou beneficiar outrem não constitui qualquer entrave.
O Contra não se preocupa em omitir alguma face dos acontecimentos e vê os protagonistas pela perspectiva que mais se coaduna com a teoria que já arquitectou.
O Contra vê um lado negro em tudo, trabalha para o realçar e para omitir o claro que lhe não interessa. Reduz a informação, tudo o que consegue apanhar, ao tamanho de uma pérola, burila-a bem, põe tudo numa frase e arremessa-a.
O dramático é que quem não é do Contra, quem é tão só pela verdade, quem quer passar alguma informação válida se vê impotente perante este meio hostil, tão habituado ao veneno da frase assassina.

terça-feira, 27 de março de 2007

Cosmopolitismo, urbanidade, ruralidade e saloiada

A urbanidade não pode ser exigida a quem como nós está em contacto tão permanente com a natureza, nesta terra de que importamos boa parte da sua força telúrica.
Pode-se-nos exigir ruralidade, estreiteza de pontos de vistas, passividade perante o aumento da diferenciação económica e social, pela renúncia a bens culturais.
Neste meio, em que o desaforo é a constância, só alguns felizardos conseguem ascender a patamares mais altos. Não é nas recepções e convívios de gente com glamour, onde estão aqueles que são idolatrados e se tenta copiar, que resplandece a cultura.
Por isso, quando no ano passado na inauguração do Festival dos Jardins, ideia muito interessante mas que não sobrevalorizo, um Secretário de Estado disse que estes representavam uma manifestação de cosmopolitismo, achei que ele se teria enganado, tão desgarradas são essas iniciativas no contexto limiano.
Não me surpreendeu que no recente 4 de Março, dia de Ponte de Lima, e no Teatro Diogo Bernardes, se passasse aquilo que um bloguista da nossa praça qualificou como acompanhamento sonoro dos telemóveis e movimentos de portas, de que me penitencio.
Mas valha a verdade que bater palmas a meio duma sinfonia é puro saloiice de quem se pela por estas manifestações efusivas. Poder-se-ia ele desculpar que só acompanhou a primeira fila, mas isso é o que diria qualquer ignorante como eu.
O que se queria é que houvesse urbanidade no dia a dia, que se respeitassem as ideias dos outros, quando elas são expressas com clareza e sem subterfúgios. Que se não seguisse sempre a fila da frente. Depois discutiremos onde está a cultura.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Pronta a lutar contra os constrangimentos

A Garça está indignada. A Garça não transporta qualquer virose, tipo gripe aviaria, mas foi posta de quarentena numa edição do A.M. e resguardada noutra. A Garça não é independente, não é partidária, é política.
A Garça não é deputado municipal, não aceita rótulos, roupagens, chegam-lhe as tristes penas, mas é política. A Garça pretende manter a verticalidade que é sua e não contesta a dos outros, cada qual que mantenha a que tem.
A opinião da Garça é só a da própria, não arrasta atrás de si qualquer cargo, não vincula ninguém, ninguém se tem que achar pressionado por ela, se alguém vê nela alguma coacção moral o problema é dele.
A Garça faz política, e com a política pretende enobrecer, não pretende diminuir ninguém. Só se podem achar diminuídos aqueles que não pensam pela sua cabeça, que necessitam de tutores e em relação a esses tem uma moral superior. A política da Garça é a que a sua inteligência dita.
A Garça sobrevoa e não deixa de ver a ignorância, a vaidade, a inveja, a alarvice, sabe que estas “qualidades” existem em muito peixe do nosso rio que anda à caça de dejectos. Mas esse não lhe cairá no bico. Cada um que se eleve ao seu nível da Garça, que esta se não baixará.
Com a Garça os processos de vitimização não têm hipóteses, prefere os suicídios aos assassinatos de carácter. É paciente, sabe que custa passar do boato à informação leal.
A Garça está vigilante e pronta a tirar conclusões e a lutar contra os constrangimentos. A Garça compartilha os sonhos de liberdade, respeita o trabalho sério, responsabiliza-se pelo que diz e aceita que como os outros possa errar, que humano é.

terça-feira, 20 de março de 2007

O corte da água pode ser uma acto arbitrário

Já paira por aí alguma politiquice relacionada com a arguição de Daniel Campelo e mais dois funcionários da Câmara Municipal num processo por alegada “denegação de justiça”.
Estas coisas têm de ser vistas com ponderação, sem pretender embrulhar este caso com outros de perfil bem diferente. Se o caso é grave, se tem a máxima importância para quem se vê privado do acesso a um bem essencial, mais grave seria se fosse um caso de perseguição que pudesse ser interpretado como estando inserido num outro qualquer processo, que não a normal relação entre entidades com obrigações recíprocas.
Não se podem pôr em causa, antes se devem vincar bem e defender os direitos dos munícipes, mesmo quando se parece tratar de um caso esporádico. Já porque se presume que este caso não está inserido num comportamento sistemático é que não tem a relevância política pretendida.
Politicamente, se devemos aguardar a decisão judicial e saber os contornos precisos do processo, se há ou não execução de um regulamento, também devemos salientar que, se um regulamento que permite uma acção desta existe, tem que ser imediatamente alterado em função dos direitos dos utentes.
Quaisquer regulamentos existentes que permitam um acto arbitrário desta natureza são perfeitamente absurdos num País democrático em que aos munícipes se devem dar todos os direitos de defesa, antes de qualquer acto sancionatório de tal gravidade.Por tudo isto qualquer outra ilação política é para já desonesta.

terça-feira, 13 de março de 2007

Onde está a corrupção nas autarquias

Jogos de influência, uso de informação privilegiada, venda de facilidades, tais são os crimes mais comummente assacados à actividade autárquica e que caem no domínio da corrupção, seja activa ou passiva, envolva ou não valores monetários.
Os dois primeiros são os mais difíceis de provar, deixam menos rasto, não fora o “malfadado” telemóvel. Em todo o caso em que há crime é porque algumas pessoas têm acesso aos cordéis duma decisão e, por não terem uma noção correcta de justiça e equilíbrio, aplicam a lei em seu favor ou de quem as corrompe.
A linha que separa a legalidade da ilegalidade é por vezes tão ténue, imperceptível, que quase ninguém arrisca ultrapassar essa barreira e botar sentença pública e quase todos arriscam fazê-lo em privado, naquela noção de privado que facilita o diz-se, diz-se. Se os serviços não têm, nós também não temos sempre razão.
Maugrado, os nossos processos burocráticos apoiam-se em leis e regulamentos que nunca mais acabam e que não deveriam dar grande margem de improvisação, ou arbítrio. O problema reside naquilo que é contraditório entre tantas disposições, elaboradas por pessoas e em épocas diferentes.
As pessoas que têm à partida a noção que vão ter que infringir a lei ou entram em competição pelo mesmo objectivo sem confiarem nas leis, nos órgãos e nas pessoas que as deveriam aplicar, recorrem a esquemas paralelos, previamente montados, a pessoas com algum acesos aos cordéis da decisão, para obter o favor ou ganhar por qualquer preço. A verdadeira corrupção existe quando se é remetido para esses esquemas e com mais gravidade quando há uma competição desmedida e desleal.

sexta-feira, 9 de março de 2007

A deslealdade não tem limites

Vou ser indiscreto ao publicar aquilo que nem confessar se deve. No Alto Minho os concelhos do Parque da Peneda Gerez são e em particular Arcos de Valdevez é para mim o verdadeiro coração da região, o mais bonito lugar, mais telúrico, mais virginal.
As suas gentes não se distinguem sobremaneira das nossas, pelo que não me caberia fazer juízos de valor. Mas esta ideia, decerto de alguns espertos da Vila, de querer alguma benesse na saúde, à custa de Ponte de Lima, parece-me desleal, além de ser absurdo pô-los em concorrência.
Não fora isto e eu chamar-lhe-ia direito e não benesse. Maugrado realidades diferenciadas têm de ter soluções diversas e sem querer dizer que aqui as soluções não deveriam ser iguais, acho que o problema não está na distância Arcos de Valdevez a Ponte de Lima, como não está na de Ponte de Lima a Viana.
O problema está em que Arcos de Valdevez, se tem só cerca de metade da população de Ponte, tem uma extensão muito superior, uma configuração geográfica que dificulta a comunicação, um povoamento mais disperso.
O exemplo da Várzea, indicado nas televisões também não é o mais adequado. Eu perguntaria se da Várzea a Ponte de Lima pelo Lindoso não será para uma ambulância semelhante em tempo a um percurso Várzea Soajo aos Arcos, por Ermelo ou pelo Mezio?
Infelizmente os Arcos de Valdevez tem um argumento, a beleza, que em lugar de lhe ser favorável, lhe é prejudicial, porque condiciona, afasta, repele a presença humana, o que lhe não dá a dimensão populacional que a outros níveis alcança. Mas não se pode ter tudo, haja saúde!

terça-feira, 6 de março de 2007

O policiamento e as novas formas de delinquência

Mais um assalto em plena zona histórica de Ponte de Lima chama a atenção para a intermitente insegurança do nosso burgo. Os idealistas que se agarram à cor da farda para justificarem as suas opções e a sua inacção têm infelizmente que se assoar a este guardanapo, porque não olham para o essencial que são os meios.
Hoje a delinquência ataca em grupos organizados e sem fardas mas bem equipados, serve-se de todas as armas ao serviço das polícias e de outras mais modernas de que estes nem estão equipados, nem no geral estão aptos a utilizar.
Há uns tempos dizia-se que ocorriam assaltos porque os assaltantes localizavam facilmente o carro da polícia. Hoje a polícia, com mais carros, dispersa-os pela Vila para criar uma impressão de presença que não engana ninguém. Na noite são necessários métodos mais elaborados.
Também se tenta substituir o policiamento de esferográfica nas mãos por outro, dito de polícia de bairro, mas uma coisa é certa: O polícia não pode ser nem lobo nem cordeiro.
Andar a passar crianças e velhinhos nas passadeiras é muito meritório mas é obrigação de qualquer cidadão que se preze. Se também o polícia deve fazer isso é mais importante ter debaixo de olho os delinquentes, estar equipado para o que der e vier, com os meios de comunicação mais modernos, com acesso a bases de dados, com prontidão na mobilidade, com posicionamentos e linhas de patrulhas adequados, com tolerância para o cidadão comum, que já lá vai o tempo de com os polícias pôr medo às criancinhas ou deles fazer atracções turísticas.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Os primeiros culpados somos todos nós, os de aquém Lima

Periodicamente o tema da manutenção ou não da P.S.P. em Ponte de Lima volta à baila, trazido pelos activistas do P.S.D. local. O seu objectivo, frustrado é colocar a questão na ordem do dia.
Depois o P.S.D., secundado aqui pelo Deputado Abel Batista, quer inventar uma saga persecutória sobre o Alto Minho, por pretensamente o P.S. querer fechar tudo.
Infelizmente tenho que reconhecer que o Alto Minho tem sido por todos desconsiderado, dada a sua irrelevância política. Um exemplo foi a boicote sistemático que o P.S.D. fez à construção do Palácio de Justiça de Ponte de Lima e de outros investimentos no concelho, na tentativa chantagista de vender o favor e conquistar a Câmara de Ponte de Lima, que o diga António Martins.
Infelizmente ninguém é virgem nesta matéria e o que nós temos provado é não ter gente a representar condignamente o Alto Minho e o P.S. dá efectivamente um mau exemplo com as suas divisões internas que, se são sinónimo de democracia, também revelam a sua fragilidade e vulnerabilidade aos mais traiçoeiros ataques.
Se os dois sectores mais relevantes do P.S. se abespinham no sentido de querer provar mais fidelidade ao Governo, só deixam marcar pontos a esta oposição folclórica, sem consistência.
O Governo tem uma lógica nacional, cada vez mais aceite e vejam-se as sondagens, mas a sua repercussão aqui tem que ser analisada por nós, não só na vertente de reorganização de serviços como nas políticas activas que existem mas não chegam cá.
Cada problema tem de ser encarado dentro da sua lógica própria, da necessidade de coerência dos vários sistemas em causa, que a verborreia confusionista não leva a lado algum.
Por exemplo é pura ignorância ou má fé misturar tudo e querer que o Governo interfira em empresas já privatizadas, como a E.D.P. e a P.T. e que têm a sua política concorrencial e de relação com o cliente, cuja crítica só será aceitável se vinda do P.C..

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Vida de cão é vida sem emoções e sentimentos

Sermos humanos é custoso. Viver em sociedade não é fácil, há escolhos por todo o lado, estamos sempre a encontrar quem não gosta de nós, mesmo sem nos conhecer. Nós próprios repelimos instintivamente certas pessoas que não nos agradam.
Os cães vivem o seu mundo e o nosso em que têm o mesmo problema. Há quem diga que até para ser cão é preciso ter sorte. A mim que gostava que os cães só tivessem o seu mundo, como os lobos ou as águias, repugna-me que um cão seja maltratado sem motivo, só por poder ser um intruso no nosso meio.
Quem gostar de cães deve ter com eles os cuidados que a sociedade impõe. Mas reconheço que um cão pode ser um perigo para o homem, pode ser agressivo, prejudicial, transmissor de doenças. Cabe às pessoas fazer deles animais úteis, interessantes ou companheiros e não perigosos para os outros.
Na minha juventude havia cães que não gostavam dos pobres, dizia-se que era pelo cheiro. Hoje há cães que não gostam sequer de crianças. Porque é que não tenho direito de não gostar de cães intolerantes, quando eu até os tolero?
Os cães agem por instinto, a sua satisfação na brincadeira é o patamar primeiro da violência. Nós agimos por emoções, às vezes por sentimentos, de qualquer modo, à medida que crescemos, cada vez mais libertos dos instintos.
Respeitando todos as normas não há problema em convivermos com os cães. E uma delas diz que os cães abandonados devem ir para um canil. Depois convém convencermo-nos que os cães não favorecem qualquer equilíbrio emocional no homem.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Que lindo é o nosso ramalhete! Só não vemos como está cheio de flores falsas

A saúde é um tema vital para a maioria da população. O medo da doença foi sempre um dos motivos para guardar umas economias para a velhice. A nossa impotência para a enfrentar, nas suas mais diversas manifestações, aterroriza-nos por vezes.
Então gostamos de ter perto de nós uma mão amiga, uma palavra reconfortante, uma mezinha revigorante. Embora cada vez mais façamos medicina preventiva, nunca estamos livres de uma emergência, de um acidente imprevisto.
Daí que quando se fala de saúde é sempre em clima de exaltação, mesmo sem haver manipulação das consciências. Facilmente abandonamos a racionalidade, as razões mais imediatas suplantam toda e qualquer argumentação mais lógica.
Quando sempre atacamos os serviços de saúde aparecemos de repente a defender a manutenção de situações absurdas. Mas de que se trata agora é de saber onde instalar novos serviços, mais completos e capazes de dar um melhor apoio e não defender o que está, que não serve a ninguém, a não ser o que não é urgente.
Simplesmente nos agarramos àquela máxima de que mais vale pouco do que nada e todos gostamos de olhar para o nosso ramalhete, mesmo que esteja cheio de falsas flores. Para citar um caso particular cheguei à dita urgência com os meus pais mortos
De qualquer modo o Estado deu aqui, nesta questão dos serviços de emergência médica um bom contributo para a polémica, mostrando-se hesitante e sem certezas. A distância de Viana a Melgaço parece que recomendaria dois destes serviços.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

A importância da imprensa na escolha da moeda e na determinação do preço

Lembrei-me de pedir à garça o favor de publicitar o meu blog e ela aceitou levá-lo nas suas patas, lá em baixo. Cada meio pelo qual comunicamos tem a sua linguagem, o seu momento, a sua oportunidade, a sua importância. Sem cruzamentos nem atrapalhações, isto em nada vai alterar a nossa relação aqui.
Nada mais importante do que esta linguagem que aqui se escreve, tão perceptível quando possível, com tantas referências valorativas e quantitativas quanto possível, que quando pretende transmitir estados de alma o faz com a clareza devida aos outros.
Quem escreve nos jornais normalmente é associado à política mas o meu objectivo é provar que a democracia é salutar sim, mas nem tudo se resume à política, embora os políticos ocupam a maioria do palco. Daí o meu esforço em não falar só de política.
Além de haver debaixo do céu coisas mais interessantes que a política, também é possível retirar à política alguma gravidade que os políticos encartados lhe dão no sentido de manter o quintal livre de olhos estranhos de qualquer ave livre do céu, seja uma garça.
Todos os acontecimentos da vida diária, da vida social, da vida pública podem ser sujeitos a interpretações variadas. Quando os políticos fazem afirmações não podem estar convencidos que os destinatários só lhe darão a interpretação que eles querem.
Se há algum campo em que nada é, nem nunca será, totalmente óbvio é a política. Mas devemos para lá caminhar e desfazer aquela pretensa gravidade. No mercado da política tudo deve estar à vista de todos. E além de influenciar os preços estamos no direito de rejeitar as moedas que nos queiram impingir.Um conselho: use a Internet com temperança.