terça-feira, 27 de março de 2007

Cosmopolitismo, urbanidade, ruralidade e saloiada

A urbanidade não pode ser exigida a quem como nós está em contacto tão permanente com a natureza, nesta terra de que importamos boa parte da sua força telúrica.
Pode-se-nos exigir ruralidade, estreiteza de pontos de vistas, passividade perante o aumento da diferenciação económica e social, pela renúncia a bens culturais.
Neste meio, em que o desaforo é a constância, só alguns felizardos conseguem ascender a patamares mais altos. Não é nas recepções e convívios de gente com glamour, onde estão aqueles que são idolatrados e se tenta copiar, que resplandece a cultura.
Por isso, quando no ano passado na inauguração do Festival dos Jardins, ideia muito interessante mas que não sobrevalorizo, um Secretário de Estado disse que estes representavam uma manifestação de cosmopolitismo, achei que ele se teria enganado, tão desgarradas são essas iniciativas no contexto limiano.
Não me surpreendeu que no recente 4 de Março, dia de Ponte de Lima, e no Teatro Diogo Bernardes, se passasse aquilo que um bloguista da nossa praça qualificou como acompanhamento sonoro dos telemóveis e movimentos de portas, de que me penitencio.
Mas valha a verdade que bater palmas a meio duma sinfonia é puro saloiice de quem se pela por estas manifestações efusivas. Poder-se-ia ele desculpar que só acompanhou a primeira fila, mas isso é o que diria qualquer ignorante como eu.
O que se queria é que houvesse urbanidade no dia a dia, que se respeitassem as ideias dos outros, quando elas são expressas com clareza e sem subterfúgios. Que se não seguisse sempre a fila da frente. Depois discutiremos onde está a cultura.