quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

A incomparável indiferença pelas pessoas

Na nossa sociedade há uma cada vez maior indiferença pelas pessoas à medida que se institucionaliza a responsabilidade pela assistência aos mais carentes de apoio. Transfere-se o que outrora cabia no domínio da caridade e da obrigação moral. Esta falta de Humanidade fere mesmo muitas vezes o núcleo familiar, que até era suposto estar a um nível muito superior à banal caridade.
Os nossos são maltratados mas a preocupação com os animais cresce até à irracionalidade. Colocam-se cães e gatos em condições claramente superiores às pessoas que dormem na rua.
Os zoos domésticos são origem de muitos males. Por natureza os animais estão sujeitos a ter a sorte de muitos homens e mulheres e serem abandonados. A diferença é que os animais recebem esses beijos sem querer e nós não. Nós optamos e suscitamos porque isso sentimentos de compaixão. Os animais, que não escolhem o seu destino, não podem suscitar nada.
As pessoas estragam com mimos os animais que são mais indefesos do que nós. Não se criam com a naturalidade devida e quando são devolvidos à natureza, libertos da acção humana, não conseguem viver com a dignidade “animal” que lhes é própria.
As associações que tentam minimizar este efeito são louváveis mas não se podem cingir a lavar a cara à realidade. Elas próprias não podem ser promotoras de comportamentos que originam esta situação. Não podem tapar as falhas dos donos dos animais.
A estimação de animais, razoável e legitimada por hábitos ancestrais e, noutras civilizações, até pela religião, responsabiliza quem a faz e obriga as pessoas pela dependência que criam.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

As perigosas relativizações de Daniel Campelo

Daniel Campelo com o seu gosto por tiradas bombásticas quis comparar sarrabulho e IKEA e deu origem a uma polémica pitoresca. Não traz qualquer benefício para o concelho pôr em confronto duas actividades diversas, mas compatíveis.
O sarrabulho está aí há umas dezenas de anos e recomenda-se. Gostemos ou não dele, digamos que é um objectivo “patriótico” valorizá-lo. Mas também criar novas variantes, com carne de origem local (bízaro) e novas alternativas. Não faltarão clientes. Porém, não é o sarrabulho a indústria âncora para outras.
A IKEA era outra forma sustentada de termos uma indústria de futuro. O perigo pelo qual podia um dia passar é igual ao perigo na indústria do sarrabulho, se um dia as pessoas enjoarem dele. Falta fazem IKEAs, que não esta, que sejam outras mais pequenas.
Esta polémica é um puro exercício académico com que se pretende desresponsabilizar quem acha que não fez tudo o que podia. Para mim tudo se deve a um atraso que não é de agora, mas se Daniel Campelo tinha contactos da Suécia devia ter-se antecipado. De resto o sonhar tem o seu limite e eu nem sonhei.
Em fins de 2005 Daniel Campelo também afirmou que o Festival de Jardins tinha cá deixado 2 milhões de Euros. Ficamos sem saber onde. Agora ficamos sem saber onde estão os 1500 trabalhadores do sarrabulho. Mas isto são afirmações gratuitas sem consistência, sem meio de prova algum, “políticas” que baste.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Afinal quem é o Minhoto?

Quando ouço frequentes ou arrebatados elogios, fico logo de pé atrás. Não alinho facilmente em panegíricos, cheiram-me a esturro. Logo suspeito que estarão a querer tramar alguém.
Essa louvação ao Minhoto, que amiúde se ouve, elogiando-o pela sua franqueza, lealdade, humildade, espírito trabalhador e tantas outras coisas positivas é antiga, já muito gasta.
De tanto usada adquiriu o carácter de um estereótipo de que se não cura de saber se tem consistência ou se é a avaliação derivada de um mero contacto superficial e passageiro.
Temos obrigação de não acreditar em todos os rótulos que se apunham indiscriminadamente às pessoas. Se alguém é manhoso, traiçoeiro, arrogante, mandrião, ou merecedor de outros epítetos piores, que lhos atribuam. De elogios basta.
O Minhoto, como todo o Português, aventura-se mas, encontrado o seu sítio, é avisado, não arrisca muito, não gasta todos os trunfos de uma só vez. É subserviente como outros.
Aquilo que nos parecem às vezes características intrínsecas não serão antes dependentes dos circunstancialismos económicos, sociais e culturais que lhe podem incutir alguma diferença?
Se transitarmos deste estereótipo para outro mais inovador, de modo abrupto e radical, chegamos pelo feminino a uma “Laura” qualquer, tal qual a das “Sete Vidas”, desmiolada e exibicionista.
O que temos a fazer é largar este estereótipo, não lhe ligar, vamos como todos adaptando-nos com paciência aos novos circunstancialismos, mas sem adormecer em qualquer travesseiro.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Uma fenda no monolito camarário

O Executivo Camarário de Ponte de Lima tem revelado, nesta e na década anterior, um carácter de tal modo monolítico que já tem engolido os Vereadores da Oposição. Mas nada é eterno e o rochedo, por mais duro que se tenha mostrado, fendeu-se.
O Vereador Gaspar Martins, em divergência com o Presidente Daniel Campelo prescindiu duns pelouros, que não de outros. Revelou incapacidade técnica? Falta-lhe visão política? Porque terá perdido metade da confiança politica, à moda da deputada do P.C. Luísa Mesquita? Ficamos sem saber.
Às vezes as pessoas calam-se porque o silêncio é a alma do negócio, mesmo se público. Mesmo quando se apercebem que o estar calado consente todo o tipo de especulações, e sabem que isso não é bom. Mesmo se sabem que uma remodelação destas se não admitiria quando estão em causa pessoas que se conhecem há muito e que há três mandatos têm uma parceria íntima.
A meia confiança política parece um exercício malabarista demasiado arriscado e penoso. Para os democratas as relações políticas não são contínuas, baseiam-se sempre em fidelidades temporárias. Mas em cada momento se exige frontalidade.
Se não chegarmos a saber como as coisas se passaram, esta fractura é um rasgo profundo no prestígio de Daniel Campelo, em muito baseado nas suas capacidades de discutir, convencer, persuadir e noutras que neste ascendente se possam imaginar.Se Gaspar Martins é imune a esta dialéctica e esta relação se vai arrastar nesta inquietante incomodidade, é legítimo perguntar: quem poderá agora Daniel Campelo convencer?

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Quanto mais conheço os cães mais gosto das pessoas

Eu poderia escrever aqui que gosto de animais, da natureza, dos seres vivos, como dos inertes, que ninguém teria o direito de pôr isso em dúvida. Os gostos nem se discutem sequer. Poderá alguém mais atrevido fazê-lo, é evidente. E até querer prová-lo. Por exemplo afirmar que “se gostas de cães com certeza lhes dás beijos”. Claro que não, eu cá e os cães no seu lugar.
As pessoas que dizem que “quanto mais conhecem as pessoas mais gostam de cães” serão capazes de o fazer, que tenham disso proveito, é o que eu estimo, mas esses que falem com os cães, que comigo não, que eu prezo que continuem a gostar mais deles.
Eu, por mim, quanto mais conheço os cães mais gosto das pessoas, embora reconheça que algumas pouco fazem por isso. Mas acaba aqui, respeito-os e tanto basta. Por certos cães e por outros animais até tenho alguma compaixão. Todos são lindos, o homem é que estraga alguns.
O homem quer desvirtuar a natureza de muitos animais, salvo os que lhe aparecem no prato. Os cães de Regadas foram lá colocados numa solução temporária que se tornou horrivelmente definitiva. Aqueles bichinhos não nasceram para aquilo.A União Europeia é insuspeita quanto ao gosto por tudo que é alimárias, nem querem que elas sofram demasiado stress quando vão para o matadouro. A U. E. pagou o Canil Intermunicipal de Fornelos para fazer respeitar as suas normas. Que seja responsabilizado o Chico Esperto que não as respeitou.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Quando se tem sede de justiça grita-se

A Vila de Arcoselo deveria merecer uma outra atenção da parte da Câmara Municipal de Ponte de Lima. Não por ser Vila, mas de certo por ser a maior freguesia, a que tem uma sua parte integrada na Zona Histórica da Vila de Ponte, por ser a zona de expansão natural da malha urbana, por ter a indústria mais fiável de todas as que possam existir, por dar um largo contributo para o rendimento concelhio e para as finanças públicas.
No entanto, pasma sem remédio. A Câmara programa para Arcoselo museus, jardins, parques, miradouros, horizontes. A população agradece o ar puro, a paisagem, desculpa algum artificialismo. Só não leva a bem a falta de estruturas, de vias de circulação, de rasgo em relação ao futuro.
Arcoselo levou com a auto-estrada em cima e com o trânsito de acesso sem para isso estar preparada. Uma via estruturante de Brandara à entrada norte da auto-estrada nas Pedras Finas, assim como de Santa Comba à entrada sul da mesma, são necessidades evidentes. A criação de uma bom acesso de S. Gonçalo ao Convento de Val Pereiras, bem como um acesso condigno à parte norte da freguesia são essenciais. Tudo em alcatrão, como os autarcas gostam, mas mesmo assim nada está previsto.
A arrogância de quem detém o poder e tudo faz ao contrário do que seria aconselhável não é boa conselheira. Mas quando se tem sede de justiça grita-se.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Parque de campismo ou mais um jardim

A Câmara Municipal de Ponte de Lima prepara-se para comprar mais uma quinta de quatro hectares em Arcoselo, a Quinta de Antepaço (de baixo). Não para reforçar a ruralidade, característica que se foi, que não é em dois dias que se passa de uma agricultura intensiva, que cá sempre se praticou, à agricultura extensiva ou silvicultura, únicas viáveis na maioria dos nossos espaços rurais.
Sem este aproveitamento das nossas terras, impossível sem uma alteração radical da propriedade, que não a municipalização das terras, esta compra é para compensar a falta de zonas verdes que os construtores deveriam criar nas zonas habitadas.
A política de incentivar que se visite esta Vila Velha, que é esporádica e fugaz, não traz qualquer benefício aos residentes. Nem o vejo com a criação do parque de campismo que se prevê. É uma actividade mais apropriada para a iniciativa privada, embora se aceite a ser assumpção pelo Município, na falta daquela.
Será para inaugurar lá para o ano 2009, mais próximo das eleições. Nos próximos dois anos não nos vamos livrar da bagunça que, quando se aproxima o fim-de-semana, se instala mesmo em frente da Vila, por S. João, pela beira-rio, abaixo e acima.Os carros de campismo aproximam-se quanto podem do rio, para que logo pela manhã os respectivos donos lavem a cara, e decerto tudo o mais que acharem por bem, nas águas, outrora, cristalinas do Rio Lima. É fácil ver que terão € para mais higiene.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

A importância da condução não passa por uma simples carta

Não há dúvida alguma: a estrada é a grande obra do homem, identificadora da sua natureza. Ela permite-lhe uma mobilidade que nunca antes tivera. Antigamente aquilo que o identificava era as pernas, o andar de modo erecto sobre elas. Hoje é o andar sobre rodas, de carro claro, com uns cavalos à empurra.
O andar de avião, de barco, de escafandro é só para alguns e só em determinados momentos, descontraidamente. A estrada é para todos e, se necessário, a toda a hora. O carro dá a todo o vivente aquela sensação de domínio sobre o universo, sobre o tempo e o espaço, como nada mais dá.
Na estrada o homem sente-se poderoso, o centro do mundo, de um mundo que é criado por ele, para o qual ele define as regras de utilização e que lhe dá o domínio sobre tudo que resta. Na estrada faz-se aquilo que seria impensável fazer numa outra qualquer relação do homem com o seu semelhante, aqui ignorado.
Na estrada esquecemo-nos que estamos a utilizar um bem precioso em partilha com outros homens que deveriam ser respeitados nos seus direitos, como em qualquer lugar. A agressividade do homem é na estrada que mais se manifesta, o desprezo pela vida dos outros, que ninguém pensa perder a sua.
As coisas têm melhorado, dizem. Mas entendo que a carta de condução deveria ser obtida após uma aprendizagem cívica e com uma cerimónia iniciática a que se daria a importância de um casamento (Esqueçam, é melhor arranjar outra comparação).

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Que factores competitivos passam pelos cérebros mealheiros

O desemprego é um fenómeno económico e social a que não estávamos habituados. Nós que neste mundo da indústria só entramos há uns poucos anos, já lhe estamos a saber os efeitos.
Do desemprego em massa, daquele que manda de uma só assentada umas dezenas ou centenas de pessoas para casa. Desemprego de um emprego que já não volta mais, que vai para longe, para o estrangeiro mais longínquo. Daquele que cá não deixa ficar nada do género a não ser umas paredes nuas. Emprego parecido para absorver os desempregados em tempo útil é vê-lo!
Valha-nos que com o fecho de uma fábrica de calçado na Gemieira se diz que uma outra fábrica de acessórios de automóvel, de algum modo parente, ainda que afastada, é capaz de absorver algum daquele desemprego. Veremos!
Também esta é uma indústria com os seus problemas, com as suas limitações, mas alguma coisa há-de ficar, e de preferência cá. Afastemos o mau agoiro, dirão os mais sugestionáveis.
Que nisto não há milagres. Não havendo encomendas, não há trabalho. São multinacionais que se estão marimbando para a paisagem, para a bonomia das pessoas, para a boa gastronomia.
Avancemos com outros factores competitivos que estes nunca passarão pelo cérebro-mealheiro dos empresários mais humanistas. Precisam-se de vantagens (terrenos, acessos, equipamentos sociais, isenções) traduzíveis no vil metal.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Com a floresta tem-se perdido dinheiro e harmonia

Em meados do século passado os então Serviços Florestais promoveram a florestação de todos os montes circundantes de Ponte de Lima, essencialmente com pinheiros. Pouco sobrou.
Mais tarde, com a celulose, veio o eucalipto que ocupou tudo o que pode e que contribuiu para acentuar ainda mais a tonalidade deste verde carregado na paisagem limiana.
Com a falta de cambiantes os Invernos tornaram-se sombrios, os Outonos quase irreconhecíveis e as Primaveras desfloridas. Quem cá vive continuamente satura-se de, na aparência, não existir renovação. A não ser que lhe seja indiferente.
A nossa paisagem não era assim e, por força dos incêndios, também já não é assim tanto. Regressaram à nossa vista, infelizmente por esta via, os penhascos, os cinzentos das partes ardidas, alguns castanhos e distintas cores da vegetação rasteira.
O investimento feito no século passado redundou em nada. Os guardas florestais acabaram e as suas casas estão ao abandono. Os pinheirais arderam e os lucros voaram. Onde está o dinheiro para a reflorestação? E em muitos locais será mesmo de fazer?
Numa sociedade mercantilizada as más opções pagam-se caras. A harmonia perdida não tinha preço e já ninguém no la pode restituir. Resta-nos olhar para a paisagem tão pobre como ela está.
Fiquemos à espera que, ao menos, não a deixem dominar pelos infestantes, as austrálias, as mimosas, os giesteiros, os resistentes eucaliptos e reintroduzam algumas folhosas para dar algum colorido e proteger a floresta dos incêndios.E para que sobre algum espaço de pasto para as ovelhas do Senhor Vereador da Câmara Municipal de Ponte de Lima.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

A pobreza e a indigência

A pobreza é um drama, um suplício. Sair da pobreza não é fácil, mas alguns lá vão saindo, com ou sem a ajuda de outros. Claro que um empurrão muitas vezes facilita e mostra-se necessário.
O Comité Nobel reconheceu este efeito ao laurear com o seu Prémio de Economia um banqueiro que, com o micro crédito, tem incentivado as pessoas a ultrapassar este patamar indesejável.
O problema está quando, ao contrário, se passa da pobreza à indigência e se renuncia a qualquer propósito de melhoria da nossa condição humana, isto é, se perde a noção de vergonha.
Em Ponte de Lima este fenómeno é tipicamente sazonal, mas já vai adquirindo carácter de permanência. São “romenos”, são naturais, são pessoas “espertas”, são excluídos.
A terra é pequena e claro que não há aqui a concentração de indigentes dum cidade. Mas o fenómeno existe, não se podem fechar os olhos. Que existisse uma só pessoa, deve ser ajudada.
A grande visibilidade também deriva de, ao contrário do passado em que o indigente se colocava estrategicamente à espera da “caridade” alheia, hoje ele move-se, dá mais nas vistas, ataca as pessoas em qualquer lugar, em qualquer ambiente.
Esta indigência tem alguns méritos. No geral anda lavadinha, veste bem, e tanto está na pedincha, como está ao nosso lado a comer um prego no Escondidinho ou um pastel de nata no Gérinho.Esta pedinchice que cai como um falcão sobre os turistas no Largo de Camões merece este reparo, compreensivo, mas deve merecer das autoridades sociais e policiais mais atenção.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Quem vence: O estacionamento ou os espaços verdes?

A escola pré-primária de Ponte de Lima foi implantada num terreno que faz gaveto entre a Via do Foral de D. Teresa e a Rua do Sobral, tendo a sua saída para àquela Rua e ficando o terreno sobrante ajardinado com erva.
Em frente da escola o passeio foi reduzido a metade ficando o restante para paragem, que não para estacionamento, que não tem largura, dos carros das pessoas que vão buscar os filhos à escola.
Até aqui tudo bem. Só que nesse reduzido espaço colocaram agora umas laranjeiras, de que se não contesta o valor, mas que anularam o efeito que se tinha alcançado com aquele local de paragem: permitir que na Rua do Sobral se pudesse transitar nos dois sentidos sem constrangimentos em horas de ponta.
Só podemos pensar que são vereadores e serviços camarários diferentes que superintendem nas questões de trânsito e nos espaços verdes e que entre eles há a mais absurda desconexão.
Já quando se abriu a Rua do Sobral se poderia ter deixado espaço para estacionamento e passeio que chegasse para lá colocar árvores. Afinal o terreno ao lado não tem servido para nada e até os cachorros, a atendermos aos sinais que lá estão, estão proibidos de lá entrar, mesmo acompanhados.
Se é para que esse terreno fique limpinho para os forasteiros lá piquenicarem, estão ponham lá mais umas árvores e as correspondentes mesas e bancos a preceito.

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Não seria melhor sermos nós a fazer algo pela Humanidade

Está na moda as nossas Terras atribuíram-se um qualquer título que as possa diferenciar, aproveitando para isso alguma característica particular.
A Câmara de Ponte de Lima, incapaz de candidatar a nossa Vila a Património da Humanidade, seja Arquitectónico, Natural ou Oral e Imaterial, para o que manifestamente lhe falta valor, resolveu apresentar um projecto de candidatura com esta sigla de Terra Rica da Humanidade e assumiu-a logo como sua.
Não tendo que ser reconhecida por ninguém a justeza da atribuição deste título, servirá para encher o ego de quem assim procede, e dá mais beleza à correspondência e aos carros.
A Humanidade, essa, a braços com outros problemas bem mais graves como as guerras, os ensaios nucleares, a fome, as doenças endémicas e transmissíveis, o efeito de estufa, não se vai preocupar com isso.
A Unesco, por seu lado, ainda não consultada sobre este assunto, também não tem porque se pronunciar, o título não é dela.
Como não praticamos qualquer facto relevante, como não temos uns monumentos a assinalar feitos grandiosos, sequer umas muralhas testemunhas de batalhas decisivas, como não preservamos a beleza que temos e é pouca a obra humana, como não sabemos cantar o fado e até adulteramos o “ó ai ó la li ló lé la”, o que nos credencia para esta pretensão?
Será que, ainda antes que a Humanidade tenha disponibilidade para se preocupar com estas coisas mesquinhas, com estas vaidades sem conteúdo, com o ridículo que esta situação pode comportar, podemos fazer algo por ela? Bem precisa.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

A nossa face é o Rio

Ponte de Lima, o velho burgo, assentava sobre a ladeira poente de uma suave colina sobranceira ao Rio Lima. A sua expansão presumia-se, e está a acontecer, estendeu-se para o lado sul e continuará a fazer-se no sentido da velha estrada de Braga.
Face à dimensão que a Vila virá a assumir, a sua relação com o Rio cada vez mais se parece com a ponta de um funil, na estreiteza da sua extensão. Mas o que não pode restar em dúvida a ninguém é que esta será sempre a cara de Ponte de Lima, a sua face mais visível e identificadora, como o atesta o pintor André Rocha.
Alguma monumentalidade, a marginal ribeirinha, o Rio, eis como nos mostramos aos outros. Mas impõe-se também que se fortaleça a nossa ancestral simbiose com o Rio, aspecto que, não sendo comparável em Montalegre ou Abrantes, tem merecido a máxima atenção por parte das respectivas autarquias.
Em Ponte de Lima não se sai dos “pré-projectos”, “estudos preliminares”, intenções avulsas, que só residem na cabeça de alguns, concretizações desgarradas. Quando ainda se não resolveu o problema do espaço entre S. João e a Sr.ª da Guia, já se fazem obras sem projecto, sem uma visão estruturante em Campo Raso e na Veiga de Crasto.
Ponte de Lima necessita hoje destes espaços, não para os cravejar de cimento, mas de campos desportivos, jardins, bosques, porque não de parques de exposições, de espectáculos, tudo feito com harmonia, sem acavalitamentos e promiscuidades.
Em Ponte de Lima não se pensa no futuro e depois faz-se tudo à pressa, que assim nem projectos, nem discussão fazem falta.

terça-feira, 31 de outubro de 2006

Delicada papagaia, inocente pomba ou fraca milhafre

De certo que o nosso Director não pensou que eu poderia ter tido a indelicadeza de atribuir aos meus companheiros de coluna qualquer título que eu próprio rejeitaria. Mas resolveu brincar com esta questão das águias e dos abutres e nada de mais saudável.
Nunca a saudei, e disso me penitencio, a nossa companheira de jornada, a bela Rosa, e aproveito para preencher essa lacuna. Não a conhecendo pessoalmente, o que lastimo, também só agora lhe vou definindo os “contornos”, a substância a que me dirigir.
Espero vir a dar-lhe um beijo, que não no jardim, na redacção. Se me perguntar a opinião não lhe atribuiria o título de águia mas antes um mais gracioso de pomba … e branca, tal o seu reiterado gosto pelos jardins.
Jardins que não terão proporcionado tanto proveito assim, pergunte-se aos comerciantes, que não serão dessa opinião. Se me permite, dir-lhe-ei que já ouvi isto em qualquer lado, pelo que me parece que, em vez de águia, me está a parecer mais uma papagaia.
Jardins, harmonia ou desarmonia contextualizada, podem não ser mais que o pano que tapa tanta carência e pecam pela falta evidente de enquadramento, que não com a beleza da paisagem.
Por este andar, com a candura de uma branca pomba e a delicadeza de uma papagaia, ainda um dia, ao passear nos seus amados jardins, algum fraco milhafre, que aqui não chegam as altaneiras águias, poderá picar sobre si e (oh “recordações”!) vir a comer consigo algum piquenique de … pomba na relva.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

O cheiro dos governantes até era bom

Nós habituámo-nos e depois sentimos a natural falta. Há tanto tempo que não vem cá um membro do Governo para inaugurar qualquer coisinha que ocorre-nos um sentimento de estranheza. È que nós até já convivíamos bem com o cheiro dos governantes.
Será birra? Cá o nosso primeiro chamou salafrários a alguns ministros e nenhum vai saber se lhe toca ou não a ele. Ou será que não haverá nada para inaugurar?
Em relação à 1.ª hipótese parece não constituir problema. Houve algum mal-entendido mas cá o nosso primeiro já depois disso foi mandando uns telegramas de apoio noutras questões e tal deve chegar para melhorar o ambiente.
Por exclusão de partes a resposta está claramente na segunda hipótese. Fala-se em mais um terraço de cimento para os cavalos mas para já nem uma égua lá se viu. E lá se vai delapidando um espaço da Rede Natura, para onde já esteve pensado um campo de golfe mas que agora é uma manta de retalhos.
Fala-se, de vez em quando, no canil, mas ninguém diz porque temos de continuar a suportar um improvisado em S. Gonçalo. Fala-se da ligação do gaz natural mas isso só vai ser para “meia dúzia”. Mais uma vez o Centro Histórico vai ficar desfavorecido.
Fala-se, fala-se, mas das obras que podiam levar a colocar a já típica chancela “Inaugurado pelo governante X na presidência da Câmara de C” não se espera nada para este ano.
É prática protocolar mas digam lá se não é verdade: Do governante, que no geral até pouco contribui para o caso, ninguém mais vai ouvir falar; dum presidente da Câmara não se espera tanta vaidade. Das obras, talvez para 2009 haja algumas.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

A nossa centralidade e o exemplo dos pronto-socorros automóveis

O ter escrito um artigo sobre águias, garças e abutres levou-me a uma estranha associação de ideias. Muita gente está a, aparentemente, nada fazer. Só que é para que, quando for necessário, possam ocorrer ao chamamento urgente.
São bombeiros, médicos, enfermeiros, polícias, mais e muitos mais profissionais que estão prontos a socorrerem-nos a qualquer momento. E como tal têm à sua disposição os “pronto-socorros”.
A rotunda de S. Gonçalo começou há tempos a ser o local privilegiado de estacionamento de alguns carros de reboque, da classe dos ditos “pronto-socorros”, mas cuja primeira impressão causada deu para que lhes chamasse abutres.
Pensando porém melhor o seu papel é tão meritório como o de outros profissionais do socorro, prontos que estão para correr a desobstruir uma via, para nos libertar de uma carro que já é um estorvo para nós. Como certas associações de ideias são injustas!
O que isto parece provar, pensando ainda melhor, é que a nossa centralidade foi descoberta por todos, até por pedintes, menos por nós e tarda a ser aproveitada em benefício do concelho.
O que falta para que os empresários da nossa terra, com certeza que há dinheiro, se abalancem a concentrar em Ponte de Lima serviços que cá deixem alguma mais valia? Se estamos só à espera de grandes empreendimentos bem estiolamos.
Tendo rejeitado há anos a hipótese de sermos o supermercado do Alto Minho, resta-nos a especialização, a inovação, a iniciativa. Para que não nos chamem nomes feios, porque quem espera sentado pelo cheiro da boa comida já só alcança os sobejos.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Arregalamos os olhos, esticamos a corda dos salários

Quando aderimos ao Euro, já lá vão uns anos, criou-se a ilusão de que, rapidamente, os nossos salários se equiparariam aos praticados nos outros Estados Membros.
A produtividade, essa terrível arma de arremesso usada por políticos e empresários, sempre que lhes convém, como se eles não tivessem nisso as maiores responsabilidades, tem servido para suster os salários na base da pirâmide social.
No topo da pirâmide social, porém, essa conversa não faz mossa, pelo contrário, os salários, se assim lhes podemos chamar, chegaram ao melhor do melhor que se pratica lá fora num abrir e fechar de olho.
A corda que sempre liga a base ao topo foi esticada ao máximo de modo que o topo subiu tanto que a distância se tornou insuportável, ultrapassando-se largamente a grelha de rendimentos que em média se pratica lá fora.
Esta indecorosa situação social, de que parece nem todos se apercebem, já foi denunciada sob o aspecto moral por forças que entendem dever ter esse tipo de intervenção. Na verdade as implicâncias desta situação são muito mais vastas e algumas são mesmo, à sua maneira, positivas, perdoem-me a desfaçatez.
Colocaram à vista de todos, juntamente com o escândalo dos excessivos proventos, a vergonha que constitui o número de parasitas incrustados numa máquina ancilosada e que mais contribuem para a manterem inoperante e ineficiente.
Não somos daqueles que dizem que o mal vem sempre por bem mas será imperdoável que não aproveitemos a evidência desta situação para corrigir tanta anomalia que existe no aparelho de Estado.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Preparem-se com as vacinas que os jardins suspensos ainda lá estão

O Outono lá chegou, em devido tempo, diga-se a propósito. Com abaixamento de temperatura, alguma chuva, as aulas para os mais novos, as vacinas da gripe para os mais velhos.
Que faltam, embora, ao que parece, esta questão se refere mesmo à escassez da vacina e não à escassez de dinheiro, que de falar dessa já estamos um pouco saturados.
Seja o Estado, sejam as farmácias, seja quem for o responsável, não compra porque não há vacinas, estas coisas não se fabricam clandestinamente e não dão para especular.
Se não é a economia mas sim a biologia ou a farmacologia que não conseguem ultrapassar esta escassez, devemos, mesmo assim, estar alerta para que, por incúria ou favorecimento, a vacina não falte aos mais necessitados.
Em anos passados foi um vaivém de andaimes (não vou fugir do assunto descansem), um sobe e desce contínuo para limpar caleiras, para colocar novas e substituir antigas.
Só que nem todos o fizeram, nem todos puderam ou nem todos foram obrigados. Chamo à baila, como exemplo, o prédio junto às casas de banho do Lg. de Camões que anda há uns anos a propiciar uns bons banhos, quando eles menos precisos são, nas frias épocas de Outono e Inverno.
É ver como as sementes desabrocham, como as ervas já estão verdinhas, tanto húmus tem aquele telhado e as caleiras, da maneira que estas vergam ao seu peso.
Não sei a quem responsabilizar pela existência destes jardins suspensos, caso alguém se venha a constipar por gramar com tão inconveniente banho e não estar vacinado, sujeito ao rateio das doses de vacina. Claro que não é denúncia. Há mais…

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Antelas será só lucro fácil, ganância?

Contrariamente ao que um “político com blog” afirma, eu não defendo só o presente e nego o futuro e, muito menos, defendo o lucro fácil no caso das pedreiras da Serra de Antelas.
Mas também não defendo o choradinho sobre a exploração dos trabalhadores ou o alarido daqueles que, quando lhes convém, chamam ganância à “sorte” de alguns de ter oportunidade de valorizar um trabalho de gerações.
Porque genericamente não são paraquedistas, mas sim aqueles cujas famílias e eles próprios trabalharam anos e anos no duro, que reinvestiram, arriscaram e pelos vistos ganharam.
Poderíamos falar de fuga aos impostos, deveres e regras que se não cumprem, condições de trabalho e ordenamento que não existem, direitos que se não respeitam, mas para falarmos de apropriação indevida é melhor estarmos calados.
O direito à propriedade não é sagrado para uns e diabólico para outros. O direito de propriedade tem as limitações da Lei.
O direito ao futuro é que pode servir como base a uma discussão séria, que não passe por banalidades, lugares comuns, acusações obscenas, fundamentalismos de pacotilha, trivialidades de “fazedor de opiniões”, por jogadas verbais em que do bem comum se faz o joguete do costume.
O direito ao futuro é o direito à água límpida, ao ar puro, aos outros elementos essenciais da vida, à fruição de um mundo que o homem colocou à sua quase exclusiva mercê, para o bem e para o mal, o que eu não neguei poder estar aqui em causa.Eu, tão só, coloquei a questão ao nível do direito à paisagem e nessa instância ele não é eterno. A paisagem sofreu, sofre e continuará a sofrer evitáveis e inevitáveis alterações.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Não se confunda a mensagem com o mensageiro

Fui surpreendido pela colocação de “uma” minha imagem nesta pequena crónica. Não que eu me esconda de nada com coisa alguma. Não que eu tenha receio que se “confunda” a mensagem com o mensageiro.
Alto lá! Não é pretensiosismo mas não se arranje outra “confusão”. Esta referência à mensagem nada tem a ver com a qualidade da escrita. Fiquemos somente com o carácter técnico e deixemos descansada a valia do que se escreve.
Uma mensagem só adquire a sua perfeita eficácia se a não confundirmos com o mensageiro. Há coisas que “têm” que ser ditas e não agrada ao mensageiro falar delas. Até podemos dizer que este ou aquele assunto não cabe na “ambiência” do mensageiro.
Pelo contrário, há coisas que “não têm” que ser ditas mas agradam ao mensageiro e então perguntar-se-á para que se mete “este gajo” em assuntos que, por sublimes, não estão dentro do alcance das suas capacidades?
O óptimo era ler, não ter “ideias feitas” sobre o que deve ser dito e não dito e avaliar independentemente da origem. E claro que era óptimo ter travões para recuar quando vier ao pensamento a velha máxima: “ não sei quem é este gajo mas nesta é que me não leva”.
O óptimo era ser capaz de, se for caso disso, se ela “passar”, integrar a mensagem na nossa sabedoria de vida, transmiti-la uma dia sem necessidade de citar a origem, sem “pagar” direitos de autor: Como se ela já fosse nossa desde sempre, parte da nossa sabedoria, um “”“átomo””” da sabedoria universal.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

O valor de uma prenda é o de quem a oferece ou o de quem a recebe?

O Presidente da Câmara de Ponte de Lima, Daniel Campelo, brindou um dia o mediático Prof. Carrilho com uma escultura de granito fino de um Santo António, que o prendado, mais habituado a manipular ideias, deixou cair, vergado ao peso da substância.
O mesmo não aconteceu ao Rei da vizinha Espanha, quando o nosso Presidente da República, Prof. Cavaco Silva, lhe ofereceu um PDA da última geração, com software português de gema.
A escolha de uma prenda assim tão soft teve o objectivo de chamar a atenção dos meios de comunicação para as nossas capacidades e realizações, que já vão surgindo nesta área e que nós devemos ser capazes de vender ao estrangeiro.
Desculpar-me-ão, porém, se manifestar a minha estranheza por esta oferta de um artigo que, sendo valioso é perecível. Não passarão muitos anos e ele será remetido para a pré-história da comunicação. A Realeza gosta de artigos mais substanciais.
A não ser que nós nos consigamos manter na crista da onda desta área e se consiga fidelizar o Rei dos Espanhóis como cliente destes produtos. Então este PDA poderá um dia ter direito a um lugar em qualquer museu dedicado à respectiva arqueologia.
Não fora esta esperança eu diria que esta é uma prenda mais para o mordomo do Rei do que para o próprio e que mais apropriada para Sua Alteza Real seria uma escultura de São João, artisticamente esculpida pelos nossos Irmãos Sequeiros, com fino granito das nossas pedreiras de Santo Ovídio.

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Por onde passam os peões na Ponte de Anhel?

Muito recentemente foi inaugurada a ponte de Anhel, entre a limiana freguesia de Sandiães e a barcelense Alheira. Obra há largos anos necessária, dada a estreiteza da velha ponte e o volume de trânsito que por ai já circula.
À primeira vista parece ter ficado tudo nos trinques. Destoará o estado lastimoso em que ficou a ponte agora desactivada. Os parapeitos estão mal seguros, alguns bastantes danificados, necessitando de uma restauração apropriada.
As margens do Neiva mereciam também uma beneficiação que lhe restituísse a beleza. A partir desta ponte começa uma série de moinhos, os belos moinhos de Panque, ao descer o rio Neiva por uma inclinada rabina.
Mas olhando com mais atenção ver-se-á que há uma falha que mais se lamenta na execução desta obra. A ponte em si tem duas passagens para piões, devidamente protegidas por rails.
Estes passeios foram construídos porque o computador em que foi projectada esta ponte assim o imponha, por certo. É que, passada a ponte, só se consegue transitar a pé pela parte de dentro dos mesmos rails de protecção.
Dir-se-á que os rails são para proteger os carros e não as pessoas. Se alguma ficar esmagada pouco importa. Dir-se-á que o risco que as pessoas correm não justifica mais um metro de aterro.
Dir-se-á que por cada mil pessoas que passam de automóveis, passa uma só a pé e será azar se um acidente acontecer.
Miserável país este em que aos bem aconchegados e burocráticos técnicos das Estradas de Portugal nada acontece.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Passada a euforia das Feiras Novas vejam-se os erros cometidos

É sempre com alegria que vivemos as nossas Festas. No fim, então, procuremos esquecer isso para aprendermos um pouco.
Impõe-se que se não repitam os erros mais evidentes e grosseiros, que se avance no sentido de corresponder aos novos ritmos do povo, o de mais e o de menos idade.
Concluiu-se facilmente que quem pretende estender a Festa para aquém da sexta-feira à noite e para além da segunda-feira à tarde está a cometer um erro grave.
A Festa cabe bem nestes quatro dias que afinal são três. Evita-se a dispersão de energias, a criação de hiatos. A Festa deve ser em crescendo com o seu ponto mais alto no sábado à noite.
Os factos mais infelizes vamos atribui-los ao cansaço e desleixo resultantes de situações de monopólio de muitos anos.
O deslize no fogo de artifício de domingo pode entender-se, mas nenhum atingiu o esplendor de outros anos, se não na bombardearia final. A meteorologia não pode ser só a culpada.
Mas o ponto negro é a iluminação. Ao caso da Capela de Stº. António acresceu a decapitação do estame do chafariz. Também a iluminação da Ponte Medieval não correspondeu à expectativa.
Houve repetição de velhos motivos decorativos em toda a vila, duplicação de luz no Passeio e falta dela noutras artérias. A iluminação das casas está gasta, a do Lg. de Camões está pobre.
Não há motivação das empresas, não executam os projectos que apresentam, não há responsabilização. Quando se come do “doce” há tantos anos, surge fácil a arrogância e a prepotência.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

A polémica não iluminação de Santo António nas Feiras Novas

Uma surpresa nos estava prometida quando, erroneamente, se fixou um dia para a inauguração da iluminação eléctrica do recinto das Feiras Novas.
Esse dia, por antecipado, criou um hiato nada favorável à evolução em crescendo, em que deve ser estruturado o programa festivo.
As Festas não começaram da melhor maneira e, para ajudar, até a chuva apareceu. Mas, se a tal surpresa surgisse, talvez tudo se remediasse, valendo ela por todos os outros dissabores.
Mas, sinceramente, de uma surpresa deslumbrante ainda estou à espera. O que me surpreendeu, e talvez não tanto, foi a falta de iluminação festiva da Capela de Stº. António.
Iluminada com as pequenas lâmpadas em linha, a Capela de Stº. António constitui, desde há muitos anos, elemento central na maioria de fotografias, cartazes e pinturas alusivas às Feiras Novas.
A iluminação projectada não corresponde àquilo que no nosso imaginário se fixou como a imagem que, incluindo ou não fogo de artifício à sua volta, é uma das imagens marcantes das Festas.
A Irmandade de Stº. António diz zelar pelo seu património, em especial, as suas telhas, a Comissão de Festas das Feiras Novas quer usufruir sem condições de um bem que não lhe pertence, a razão fiquem lá com ela que o resultado é desastroso.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Antelas - a estética, a economia e o ambiente

Muitas pessoas se espantam com as falhas que vão surgindo na estética paisagística. E, por estar próximo da Vila de Ponte de Lima e ser visível do Largo de Camões, com o nudez do Monte de Antelas.
Também a estética nos deve preocupar e, sendo certo que não há estética inocente, arte pura, belezas intocáveis, há neste caso uma ferida que, manifestamente, sangra.
Só que desde que o homem chegou ao ponto de alterar tão radicalmente a natureza, há que analisar este fenómeno também a outros níveis. E, a nível da economia local, a extracção e laboração da pedra são importantíssimos. Há sacrifícios que compensam.
Por outro lado, se aqui se cria um défice estético, ele é largamente compensado pelas obras maravilhosas a que a nossa pedra, há séculos, dá origem. A beleza espalha-se.
A solução é a minimização do impacte visual pelo cumprimento de regras há muito estabelecidas. Também outras agressões ambientais, como o destino das finas poeiras geradas nesta actividade, devem ser consideradas. E o magno problema da segurança de quem lá trabalha tem que ser resolvido.Acho que neste ponto o trabalho da Câmara de Ponte de Lima e da Junta de Freguesia de Arcoselo vai no bom caminho e, embora não tenha a visibilidade desejada, há empenho em que as coisas avancem num sentido dignificante para todos.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

As bandeiras negras na Gemieira

Os “pequenos” políticos têm como ambição seguir as pisadas dos “maiorezinhos”. Saber usar a televisão é um sinal de maturidade política e o Sr. P. J. de Gemieira, António Matos, sabe.
Colocar bandeiras pretas chama a televisão. Avisar que se vai movimentar nas Feiras Novas também o faz esperar que a televisão faça o favor.
As crianças são o menos. Aí a ambição é pequena. Se as condições foram piores no seu tempo e se chegou a político, bom defensor da sua terrinha, com lugar na capela do poder, para que querer mais?
Rejeita-se a junção de alunos e professores para melhorar as condições pedagógicas, de socialização e de desenvolvimento físico, emocional e intelectual, e isto é que está em causa. Não se aflora a questão fulcral que é o problema dos transportes.
A Câmara move-se, atacando as capelinhas, mas com política de capelão. Não dialoga, decreta. Quer fazer dos P. J. veículos da sua política, ordena. Quer fazer dos P. de Junta testas de ferro.
A gravidade da questão está em que esta Câmara encomendou esta “Carta Educativa”, que qualquer geógrafo rejeitaria. Onde os não havia, criou problemas. Inventou soluções desiguais. Agora vamos “discutir” na televisão aquilo que não soubemos discutir em Ponte de Lima. Vamos ser de novo motivo para o anedotário nacional. Já chega de chacota.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

O Parque da Madalena merecia mais respeito

O Parque da Madalena é, acima de tudo, um excelente miradouro, transformado em jardim e parque de merendas num dado contexto temporal e cultural.
Perante uma recuperação supõem-se respeito pelo passado e adequação às novas exigências, valorização do miradouro e criação de zonas de desporto e lazer e de outros atractivos.
Na realidade nada de muito significativo foi feito. Talvez a drenagem da água pluvial na coroa do monte. O restante do Parque continua esventrado, à mercê da irreverência das águas pluviais. Abaixo da zona tradicional só matos e eucaliptos.
As mesas estão sem condições para permitir qualquer piquenique. Os bancos estão degradados, os recantos românticos conspurcados, os tubos de água e electricidade por qualquer lado. O lixo corre nos recipientes cheios ou já destruídos.
Na zona da carreira de tiro real e mais à frente na “outra”, o lixo deixado pelos namorados é por demais. Os românticos banquinhos já não farão falta, porque nos dias de hoje se prefere o aconchego dos carros, mas estão arruinados.
Imponha-se uma intervenção de fundo e a definição clara do futuro da zona arborizada com eucaliptos e austrálias que engolem aquele espaço e são desadequadas na nossa região.
Disse-se que a Câmara iria lá investir uns capitais, mas lavando as mãos em relação ao resultado final. Temos de estar atentos porque é obrigação de todos nós ver se o dinheiro é bem gasto.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

A contramão na Rua do Arrabalde

Já apanhei dois sustos no mesmo sítio, junto à Casa da Garrida. De ambas as vezes, com “velhotes”, daqueles que fazem inversão de marcha dentro das auto-estradas. Com a faixa direita ocupada, sigo pela esquerda. De repente surgem os ditos numa situação em que até pensam que têm prioridade e há que frear.
Como junto à Ponte de Crasto tem um sinal de proibição, porém só limitado a pesados, os carros seguem e o sinal de proibição geral de seguir em frente no cruzamento que dá para a Adega é interpretado, por alguns mais distraídos, como se lhes não fosse destinado, por ser “igual” ao anterior.
Só porque a via em frente mantém a mesma largura pensam que é para aí que o sinal de proibição a pesados se destina e não reparam, por terem relaxado o estado de alerta, que ele é diferente.
Porque não reforçar a sinalização, pondo um sinal de proibição de cada lado da via logo a seguir ao cruzamento para a Adega.
A Câmara, diz-se, diz-se, que nos vai prendar com mais uma rotunda e mais uma via para o lado da Veiga de Crasto, mas está tudo, parece, em Banho-Maria. E já agora onde nos levará esta via dita? Aguarda-se uma entrada digna na Vila por aquele lado.Um conselho: projectem as coisas, mas acreditem na opinião pública, divulguem. Só quem não está seguro do que está a fazer omite os seus projectos. Aliás deveriam ser ante-projectos que pudessem ser valorizados com a intervenção dos interessados.

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

A falta de organização do espaço das Feiras Novas

Eu gosto das Feiras Novas, não lhes “quero” grandes mudanças, mas devemos readaptar e melhorar a organização face às novas condições que os tempos vão impondo.
Antigamente os “brinquedos” das Feiras Novas vinham para cá e iam-se para casa em camiões alugados e até davam bastante trabalho aos nossos camionistas.
Mas hoje os proprietários dos “brinquedos” têm autênticas frotas que carregam a casa às costas. Como já se vêm desde há dias, desde quase um mês antes das festas, há camiões estacionados no areal.
Serão dezenas dentro em pouco, mais as roullotes, autênticos hotéis ambulantes. Formarão uma cintura entre a feira e o rio.
Entupirão tudo, não deixarão chegar junto ao rio uma ambulância ou um salva-vidas, ocuparão parte significativa do areal, impedindo a sua fruição e a transferência para lá dos que se instalam na Av. de Plátanos. Não deixarão ver o fogo do areal.
Visto da Ponte Medieval, o espectáculo mais parece um acampamento sem organização, selvagem, do que uma feira.
Devido a isto eu propunha que, como não se podem mandar aqueles veículos para o Parque de Transportes da Ribeira que está ocupado com o lixo da sua limpeza, enviem-nos para o Parque Industrial da Gemieira, que afinal tem lá espaço suficiente para tudo. Este conselho é grátis, daqueles mesmo grátis.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

O lastimoso estado da Ponte de Guia

Num já longínquo dia alguém disse que a nossa ponte e de N. Srª. da Guia estava periclitante, com as pernas fracas, mal sustentada, descalça. Não fosse o açude e ela já se tinha ido.
Não sei se era alarmismo ou se o perigo era bem real mas, estudos feitos, a empreitada foi lançada e os trabalhos tiveram o seu começo.
Realizados aterros, passadiços, desviadas as águas, os dois pilares centrais foram, na sua base, cercados por uma estrutura de chapa e o intervalo assim criado foi preenchido por armações de ferro.
Um dos pilares foi quase reforçado de cimento na sua base, mas eis senão quando os trabalhos pararam, um dos pilares ficou sem cimento, o outro não foi acabado, as armações de ferro e de cofragem não foram retiradas, os pedregulhos ficaram no meio do rio, as tubagens também. Este é o indecoroso espectáculo que se mantém há anos. Não há estética.
Já este ano uma equipa de mergulhadores e outros técnicos lá andou a fazer os seus estudos, quase sorrateiramente, sem ninguém os ouvir e se pronunciar.
Não estamos certos de haver segurança mas, perante tanto alarido à volta das pontes, acho que não haverá candidatos a assassinos neste caso.
Lamenta-se é a mudez da Câmara e dos Serviços Centrais.

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Apresentação

Parafraseando o Gato Fedorento, esta pequena crónica é grátis, daquelas mesmos grátis, não vai pagar mais por ela. Mas o meu objectivo é, perdoem-me a imodéstia, que ela seja gratificante.
Os assuntos merecem referência se atingirem o limite do ridículo, do bom senso, da legalidade, de um qualquer outro limite de razoabilidade.
Merecem igual referência os assuntos que chegarem ao nível das minhas exigências, por conterem a perfeição suficiente.
Num e noutro caso tentarei utilizar parâmetros apropriados.
Quanto à natureza dos assuntos a abordar dependerá de certo mais da oportunidade e da eventual importância do que do contributo para polémicas em trânsito.
Isto de dizer mal ou bem é tarefa complicada e reconhecidamente muito necessária, mesmo que mal recebida por ineptos e convencidos.
Uma referência, seja favorável ou não, tem de ser entendida como um contributo para a tomada de decisões acertadas. Pode ser um alerta para decisões futuras. Um pôr à disposição dos outros a nossa sabedoria de vida.
Rejeitaremos ressentimentos, processos de intenção, teorias da conspiração, mas também falsas ingenuidades. As opiniões sejam coincidentes, complementares ou opostas são o que são.