terça-feira, 14 de novembro de 2006

A pobreza e a indigência

A pobreza é um drama, um suplício. Sair da pobreza não é fácil, mas alguns lá vão saindo, com ou sem a ajuda de outros. Claro que um empurrão muitas vezes facilita e mostra-se necessário.
O Comité Nobel reconheceu este efeito ao laurear com o seu Prémio de Economia um banqueiro que, com o micro crédito, tem incentivado as pessoas a ultrapassar este patamar indesejável.
O problema está quando, ao contrário, se passa da pobreza à indigência e se renuncia a qualquer propósito de melhoria da nossa condição humana, isto é, se perde a noção de vergonha.
Em Ponte de Lima este fenómeno é tipicamente sazonal, mas já vai adquirindo carácter de permanência. São “romenos”, são naturais, são pessoas “espertas”, são excluídos.
A terra é pequena e claro que não há aqui a concentração de indigentes dum cidade. Mas o fenómeno existe, não se podem fechar os olhos. Que existisse uma só pessoa, deve ser ajudada.
A grande visibilidade também deriva de, ao contrário do passado em que o indigente se colocava estrategicamente à espera da “caridade” alheia, hoje ele move-se, dá mais nas vistas, ataca as pessoas em qualquer lugar, em qualquer ambiente.
Esta indigência tem alguns méritos. No geral anda lavadinha, veste bem, e tanto está na pedincha, como está ao nosso lado a comer um prego no Escondidinho ou um pastel de nata no Gérinho.Esta pedinchice que cai como um falcão sobre os turistas no Largo de Camões merece este reparo, compreensivo, mas deve merecer das autoridades sociais e policiais mais atenção.