terça-feira, 7 de novembro de 2006

Não seria melhor sermos nós a fazer algo pela Humanidade

Está na moda as nossas Terras atribuíram-se um qualquer título que as possa diferenciar, aproveitando para isso alguma característica particular.
A Câmara de Ponte de Lima, incapaz de candidatar a nossa Vila a Património da Humanidade, seja Arquitectónico, Natural ou Oral e Imaterial, para o que manifestamente lhe falta valor, resolveu apresentar um projecto de candidatura com esta sigla de Terra Rica da Humanidade e assumiu-a logo como sua.
Não tendo que ser reconhecida por ninguém a justeza da atribuição deste título, servirá para encher o ego de quem assim procede, e dá mais beleza à correspondência e aos carros.
A Humanidade, essa, a braços com outros problemas bem mais graves como as guerras, os ensaios nucleares, a fome, as doenças endémicas e transmissíveis, o efeito de estufa, não se vai preocupar com isso.
A Unesco, por seu lado, ainda não consultada sobre este assunto, também não tem porque se pronunciar, o título não é dela.
Como não praticamos qualquer facto relevante, como não temos uns monumentos a assinalar feitos grandiosos, sequer umas muralhas testemunhas de batalhas decisivas, como não preservamos a beleza que temos e é pouca a obra humana, como não sabemos cantar o fado e até adulteramos o “ó ai ó la li ló lé la”, o que nos credencia para esta pretensão?
Será que, ainda antes que a Humanidade tenha disponibilidade para se preocupar com estas coisas mesquinhas, com estas vaidades sem conteúdo, com o ridículo que esta situação pode comportar, podemos fazer algo por ela? Bem precisa.