sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Com a floresta tem-se perdido dinheiro e harmonia

Em meados do século passado os então Serviços Florestais promoveram a florestação de todos os montes circundantes de Ponte de Lima, essencialmente com pinheiros. Pouco sobrou.
Mais tarde, com a celulose, veio o eucalipto que ocupou tudo o que pode e que contribuiu para acentuar ainda mais a tonalidade deste verde carregado na paisagem limiana.
Com a falta de cambiantes os Invernos tornaram-se sombrios, os Outonos quase irreconhecíveis e as Primaveras desfloridas. Quem cá vive continuamente satura-se de, na aparência, não existir renovação. A não ser que lhe seja indiferente.
A nossa paisagem não era assim e, por força dos incêndios, também já não é assim tanto. Regressaram à nossa vista, infelizmente por esta via, os penhascos, os cinzentos das partes ardidas, alguns castanhos e distintas cores da vegetação rasteira.
O investimento feito no século passado redundou em nada. Os guardas florestais acabaram e as suas casas estão ao abandono. Os pinheirais arderam e os lucros voaram. Onde está o dinheiro para a reflorestação? E em muitos locais será mesmo de fazer?
Numa sociedade mercantilizada as más opções pagam-se caras. A harmonia perdida não tinha preço e já ninguém no la pode restituir. Resta-nos olhar para a paisagem tão pobre como ela está.
Fiquemos à espera que, ao menos, não a deixem dominar pelos infestantes, as austrálias, as mimosas, os giesteiros, os resistentes eucaliptos e reintroduzam algumas folhosas para dar algum colorido e proteger a floresta dos incêndios.E para que sobre algum espaço de pasto para as ovelhas do Senhor Vereador da Câmara Municipal de Ponte de Lima.