sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Antelas será só lucro fácil, ganância?

Contrariamente ao que um “político com blog” afirma, eu não defendo só o presente e nego o futuro e, muito menos, defendo o lucro fácil no caso das pedreiras da Serra de Antelas.
Mas também não defendo o choradinho sobre a exploração dos trabalhadores ou o alarido daqueles que, quando lhes convém, chamam ganância à “sorte” de alguns de ter oportunidade de valorizar um trabalho de gerações.
Porque genericamente não são paraquedistas, mas sim aqueles cujas famílias e eles próprios trabalharam anos e anos no duro, que reinvestiram, arriscaram e pelos vistos ganharam.
Poderíamos falar de fuga aos impostos, deveres e regras que se não cumprem, condições de trabalho e ordenamento que não existem, direitos que se não respeitam, mas para falarmos de apropriação indevida é melhor estarmos calados.
O direito à propriedade não é sagrado para uns e diabólico para outros. O direito de propriedade tem as limitações da Lei.
O direito ao futuro é que pode servir como base a uma discussão séria, que não passe por banalidades, lugares comuns, acusações obscenas, fundamentalismos de pacotilha, trivialidades de “fazedor de opiniões”, por jogadas verbais em que do bem comum se faz o joguete do costume.
O direito ao futuro é o direito à água límpida, ao ar puro, aos outros elementos essenciais da vida, à fruição de um mundo que o homem colocou à sua quase exclusiva mercê, para o bem e para o mal, o que eu não neguei poder estar aqui em causa.Eu, tão só, coloquei a questão ao nível do direito à paisagem e nessa instância ele não é eterno. A paisagem sofreu, sofre e continuará a sofrer evitáveis e inevitáveis alterações.