terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Afinal quem é o Minhoto?

Quando ouço frequentes ou arrebatados elogios, fico logo de pé atrás. Não alinho facilmente em panegíricos, cheiram-me a esturro. Logo suspeito que estarão a querer tramar alguém.
Essa louvação ao Minhoto, que amiúde se ouve, elogiando-o pela sua franqueza, lealdade, humildade, espírito trabalhador e tantas outras coisas positivas é antiga, já muito gasta.
De tanto usada adquiriu o carácter de um estereótipo de que se não cura de saber se tem consistência ou se é a avaliação derivada de um mero contacto superficial e passageiro.
Temos obrigação de não acreditar em todos os rótulos que se apunham indiscriminadamente às pessoas. Se alguém é manhoso, traiçoeiro, arrogante, mandrião, ou merecedor de outros epítetos piores, que lhos atribuam. De elogios basta.
O Minhoto, como todo o Português, aventura-se mas, encontrado o seu sítio, é avisado, não arrisca muito, não gasta todos os trunfos de uma só vez. É subserviente como outros.
Aquilo que nos parecem às vezes características intrínsecas não serão antes dependentes dos circunstancialismos económicos, sociais e culturais que lhe podem incutir alguma diferença?
Se transitarmos deste estereótipo para outro mais inovador, de modo abrupto e radical, chegamos pelo feminino a uma “Laura” qualquer, tal qual a das “Sete Vidas”, desmiolada e exibicionista.
O que temos a fazer é largar este estereótipo, não lhe ligar, vamos como todos adaptando-nos com paciência aos novos circunstancialismos, mas sem adormecer em qualquer travesseiro.