sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Uma fenda no monolito camarário

O Executivo Camarário de Ponte de Lima tem revelado, nesta e na década anterior, um carácter de tal modo monolítico que já tem engolido os Vereadores da Oposição. Mas nada é eterno e o rochedo, por mais duro que se tenha mostrado, fendeu-se.
O Vereador Gaspar Martins, em divergência com o Presidente Daniel Campelo prescindiu duns pelouros, que não de outros. Revelou incapacidade técnica? Falta-lhe visão política? Porque terá perdido metade da confiança politica, à moda da deputada do P.C. Luísa Mesquita? Ficamos sem saber.
Às vezes as pessoas calam-se porque o silêncio é a alma do negócio, mesmo se público. Mesmo quando se apercebem que o estar calado consente todo o tipo de especulações, e sabem que isso não é bom. Mesmo se sabem que uma remodelação destas se não admitiria quando estão em causa pessoas que se conhecem há muito e que há três mandatos têm uma parceria íntima.
A meia confiança política parece um exercício malabarista demasiado arriscado e penoso. Para os democratas as relações políticas não são contínuas, baseiam-se sempre em fidelidades temporárias. Mas em cada momento se exige frontalidade.
Se não chegarmos a saber como as coisas se passaram, esta fractura é um rasgo profundo no prestígio de Daniel Campelo, em muito baseado nas suas capacidades de discutir, convencer, persuadir e noutras que neste ascendente se possam imaginar.Se Gaspar Martins é imune a esta dialéctica e esta relação se vai arrastar nesta inquietante incomodidade, é legítimo perguntar: quem poderá agora Daniel Campelo convencer?