sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A selva de S. Gonçalo

Há um fenómeno que se desenvolve há poucos anos em Ponte de Lima mas que está suficientemente estudado há muito. Refiro-me ao pousio social a que invariavelmente são submetidos os terrenos agrícolas que se querem converter em zona de construção.
Durante séculos a Vila de Ponte de Lima esteve confinada às suas muralhas, só subiu temerosamente a Avenida António Feijó no começo do séc. XX e só se expandiu do mesmo jeito para a Graciosa no pós 25 de Abril. Mesmo do lado de Além da Ponte esteve sempre limitada a duas ruas.
Só nas duas últimas décadas se deu a expansão, nem sempre bem norteada, a que continuamos a assistir. Normalmente enquanto se não constrói os terrenos são deixados ao abandono para desafectação da área ao serviço agrícola e para aguardar a valorização que a viabilidade da construção implica.
Por vezes criam-se impasses, tudo dependendo muitas dessas vezes das pessoas envolvidas, dos interesses em jogo. Os terrenos de S. Gonçalo, no pós 25 de Abril reservados a zona industrial, são agora, e bem, área a edificar. O seu valor é imenso.
Os interesse em jogo são elevados e entretanto deixou-se crescer os silvados e as cobras que não desvalorizam os terrenos. O que podia ser uma zona minimamente estruturada que desse beleza à paisagem é um depósito de sucatas, lixos e dejectos. Como muitos mealheiros quanto mais sujo melhor.
No meio daquela imundice está o S. Gonçalo, cuja credibilidade se desvanece. Até os namorados já lá não vão com medo do isolamento do local. Mesmo assim ainda é o oásis que resta cercado pela agressividade de quem só antevê o quanto aquilo vai render.
Lugar com uma exposição privilegiada em relação ao rio e ao sol, seria a zona mais nobre de Ponte de Lima para quem tivesse veleidades de fazer um projecto de qualidade e com futuro. Mas porque vale muito, porque é um valor garantido, é que está como está, à espera da oportunidade de ouro.