sexta-feira, 24 de agosto de 2007

No Rio corre a nossa alma

A altiva garça está exausta e teme já nada conseguir fazer para defender o seu rio. Antes desta invasão maciça de patos bravos até lhe chamavam a mãe do rio. Agora se não se põe a pau ainda a metem no churrasco.
Afinal não tínhamos a menor preparação para corresponder a esta pressão que os subúrbios do Porto já cá exercem. Com carros, autocarros, caravanas eles estão a um passo e somos literalmente invadidos ao domingo desde as primeiras horas da manhã.
É incontestável o seu direito na busca da água, do espaço aberto, luminoso, natural que não sendo nosso, está sob a administração de alguém. Culpados somos nós que não temos os mais elementares equipamentos, quaisquer meios além dos primários que a natureza nos deu e abrimos o que melhor que temos à conspurcação geral.
Ainda por cima estamos à mercê de todos os Chicos espertos que por cá se vão movimentando sem regras e sem freios. Uma licença obtida na Câmara para uma gelataria tradicional voltou snack-bar para todos os serviços com direito a espetar fortes cabos de aço nas indefesas árvores da Alameda S. João.
Esta permissividade faz daquela medida teatral, melhor diria televisiva, dos placares do lixo, areia para os olhos das pessoas. Parece que as receitas da Câmara tudo justificam. Desde que paguem, abusem à vontade. Este caso é só um dos muitos.
Como Daniel Campelo diz que não temos praias. Então temos um rio, areias, margens e não temos praias? Mas o presidente vira-lhes as costas. Umas vacas, uns cavalos, uma serôdia tendência para o ruralismo, dum espaço livre vai construindo umas ilhas para seu gáudio pessoal. Continuamos a partilhar o espaço com os animais.
O presidente já disse que gosta mais de animais do que de algumas pessoas. Esta antropofobia está infelizmente em expansão e não é nada cristã. É fácil deixar viver as pessoas na imundice e depois chamar-lhes sujos, bestas e outras coisas mais.