sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A ganância e a desvergonha dos políticos

Não ponho em causa a legitimidade que assiste a qualquer pessoa de ambicionar ser político. Pelo contrário, era imperioso que houvesse concorrência séria e que não deixássemos aos outros a nossa representação por omissão.
A radical italiana Cicciolina pôs tudo o que tinha ao serviço desse objectivo e conseguiu-o. Outros, menos dotados de semelhantes atributos, utilizam outros meios que isto de dar nas vistas, pela facilidade e pouco custo, ainda parece ser o melhor método para um dia atingir tal desiderato.
Mas nós temos de considerar que os meios utilizados dirão muitos das razões e dos reais objectivos que as pessoas têm ao se inclinarem para a actividade política. As razões altruístas que todos invocam, embora neste aspecto não se possam meter todos no mesmo saco, não é causa a acentuar demasiado.
O altruísmo aconselharia que também se não desse tanto relevo ao desejo de reconhecimento social que, sendo legítimo, será aconselhável ser concedido, mas nunca pode ser visto como obrigatório. Quem não aceitar isto tem sempre uma porta de saída, que na política ninguém se pode considerar imprescindível, embora ninguém goste de ser empurrado porta fora.
Tudo deve ser claro para que não hajam participações que fiquem caras à sociedade. Porque isto de dar reconhecimento social a quem já recebe outras recompensas, e muitas não são pequenas, parece-me exagerado.
Há pessoas que não querem outra coisa mas andam sempre a dizer que não têm qualquer satisfação pessoal em serem políticos. Invocam que todos são criticados, sejam ou não correctos na sua forma de actuar. Então defendem que as más vontades só se alimentarão com compensações, mais compensações. Além de gananciosos são desavergonhados.