sexta-feira, 18 de maio de 2007

A profunda crise da vitivinicultura limiana

A estrutura do território limiano assentou durante séculos essencialmente em quintas. Eram unidades auto suficientes que englobavam os melhores terrenos, os melhores bosques, as melhores nascentes, mesmo que fora do seu domínio e que ocupavam na sua maioria de quatro a doze hectares e excepcionalmente chegavam aos cinquenta.
Uma boa quinta dava para várias produções, para o regadio e para o sequeiro, para alimentar os animais de Verão e Inverno. Salvaguardados os aspectos sociais, esta visão tornou-se para o nosso espírito quase idílica.
A vinha contínua alastrou-se por tudo que é sítio e destruiu este equilíbrio assente na cultura promíscua. Hoje, com a crise no mercado do vinho verde muitas quintas ficaram ao abandono.
Este é o ano alfa de todas as catástrofes agrícolas. Muitos agricultores não aguentaram viver com créditos de dois anos por solver. Ao terceiro ano a corda rebentou.
Quem der uma volta pelo concelho vai ver um espectáculo degradante. Já não são só latadas, mas também os bardos que foram cortados ou ficaram sem poda a dar uvas para os pássaros. À espera de um subsídio para o seu corte pela raiz, talvez.
Mas também quintais de menor dimensão vão sofrendo o mesmo destino cruel. Com os donos a terem que trabalhar cada vez mais longe quem os há-de cultivar?A insistência em que a transferência da Adega Cooperativa resolveria o problema do nosso vinho verde parece irrealista.
Foram tantos os erros cometidos pelas gestões anteriores, é tão fácil cair, que, para subir, só com apostas mais especializadas, estruturas mais leves, vinhos de quintas com vinificação centralizada e aposta na reconquista dos mercados tradicionais.