sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Espaço de festa e espaço de feira

O ciclo das festas está a chegar ao fim e as Feiras Novas são o ponto mais alto, o simultâneo culminar e coroar de cada fase anual.
Por isto se compreende o afluxo desmesurado de pessoas para ajudar à festa, para participar na feira. Espera-se depois a enchente de gente que há-de dar sentido a todo este aparato.
É bom que usufruamos da festa com toda a inocência de que sejamos capazes. Isto é, sem levar em conta os possíveis efeitos nefastos que um acontecimento destes possa comportar, sem sentimentos de culpa de qualquer espécie.
Mas é bom que se vejam e se não ignorem os muitos interesses em jogo, a quantidade de indivíduos que vêm a festa essencialmente pelo seu lado económico e que na sua avidez podem contribuir para a estragar.
Cada vez mais quem organiza a festa é chamado a ter uma intervenção que lhe retira muita da espontaneidade. Assim se perde muito do carácter genuíno de vários dos componentes da festa.
Mas a realidade é que estas Feiras Novas que agora temos já são em muitos aspectos uma festa nova. Em primeiro lugar pela sua dimensão. As Feiras Novas de hoje não têm neste aspecto nada a ver com as festas de há cinquenta anos.
A verdade é que o espaço, outrora suficiente, quase permitindo uma auto-organização, é agora manifestamente diminuta para tanto pretendente a participar na festa e na feira.
Conciliar festa e feira é o grande desafio para quem dirige este evento. Se a festa apoia a feira e a feira apoia a festa, não as podemos separar, mas temos de ir retirando uma certa promiscuidade que nos faz esquecer o interesse maior que é a festa.
O problema coloca-se na primazia a dar a cada aspecto da questão, na distribuição no espaço. A vontade dos comerciantes é colocar os seus produtos no melhor sítio, que é à frente dos olhos de quem passeia. Mas para passear é necessário que nos deixem.
Corre-se o risco de as pessoas ficarem sem espaço para fazer a sua própria festa.