terça-feira, 17 de abril de 2007

As nossa intimidades à vista de todos no Largo de Camões

Se alguém pensava em safar-se, estava enganado. Daniel Campelo tem para todos. Tem para os suburbanos, gentes sem alma e sem apego à terra em que vive, quanto mais à terra dos outros, que vão continuar a levar com a frontalidade do cartaz “Seja limpo ou vá-se embora”.
Mas também tem para nós, nós que julgávamos já ser uns burgueses, com mais alguma plasticina urbana do que eles. Também nós vamos levar para que não nos armemos em defensores de gente com que nos condoemos sem razão.
Se não servimos de exemplo pelo lado bom então vamos servir de exemplo pelo lado mau. Aprontem-se meus senhores que no dia 5 de Junho, Dia do Ambiente, vamos ver todas as nossas intimidades devassadas no Largo de Camões. Que o lixo diz muito daquilo que nós somos e estejamos preparados que Daniel Campelo disse que no lixo aparecem coisas inimagináveis.
Aceitemos o nosso papel de vilãos. Se somos maus, o nosso lixo é mau, mas a televisão não faltará a este grande espectáculo de lixo colorido e multi-aromático. E isso é a parte mais importante para nos tornar famosos por mais este feito relevante.
Não abusemos. Será melhor que o que de mais íntimo nós temos, aquilo que mais diz de nós seja da casa de banho seja da cozinha, o reservemos em casa para o deitarmos nos contentores no dia seguinte. Não se vá estragar o espectáculo.
E não deitem papéis comprometedores, do género dos pedidos de pagamento de facturas não pagas, das cartas escritas por algum namorado/a mais coscuvilheiro, nem muito menos a resposta que lhe tenha sida dada com tinta menos convencional.