sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Os opinadores modelares

Quando nos empenhamos numa “obra” sempre chega a altura de fazer um balanço e esta centésima bicada da garça é bem apropriada para isso.
Esta coluna de não jornalista não tem por intenção primeira revelar ao leitor factos novos, mas é utilizada para apresentar um acontecimento esquecido, uma opinião trivial sob um prisma diferente, até que sob o habitual não teria g®a®ça nenhuma.
Por pretensão só tenho a de, como voz, fazer parte da opinião pública, sem preencher esta ou aquela cota ou lacuna, mas com a certeza que esta ainda é uma forma digna e eficaz perante o falhanço de outras maneiras de intervenção cívica.
A maioria dos opinadores costumam adoptar modelos, posturas, opiniões e depois procuram os factos aos quais, na sua perspectiva, estes se podem aplicar. E vá de garatujar umas palavras mais ou menos bem escritas e aplicar-lhes aquela moldura e a sua credibilidade (que pensam ter).
As conclusões são sempre as mesmas e para não haver dúvidas colocam-se em primeiro lugar para não enganar o leitor. Não é esta a forma que eu adopto para escrever, porque é necessário ver o presente, mas ter consciência que nele existe muito de circunstancial, de efémero. Não formulo sentenças.
Acreditem que já tudo está dito mas a forma é que faz a diferença. E nessa forma inclui-se o léxico utilizado que permite classificar o tipo de prosa ou verso que vai sair: Grito, lamento, arroto, vómito, bisca, perdigoto. O meu léxico é outro.
Há aqueles que pensam ser uma escrita rebuscada para fugir a afrontar ninguém, a criticar opiniões alheias. Mas o poder ou se põe a jeito ou só tremerá quando houver uma opinião pública com força intelectual para opinar. Então tremerá.
É dos livros que os que detêm o poder o seguram bem e relativizam as opiniões alheias. As suas podem ser “patetices”, mas valem mais por serem de quem são. Não me cansarei de pregar as minhas, mas, sendo livre, não sou justiceiro.