sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Que a Festa se não faça só de décibeis e com a mesma canção

Poucos Santos conseguiram resistir ao apelo de Agosto e só as grandes romarias, como o Socorro, a Penêda, as Rosas ou as Feiras Novas, mais as festas aos três Santos de Junho, Sto António, S. João, S. Pedro, permaneceram no seu tempo, sem perder brilho, aliás. De Inverno resta-nos Sta Luzia, Sto Amaro e S. Braz, poucos mais, talvez porque sempre tiveram um mais acentuado cariz religioso.
Mas deixo ao nosso Exegeta Manuel Fernandes o cuidado de interpretar este fenómeno: Porque os Santos nos não trazem algum calor nestes meses de Inverno? Sem ser na Quaresma, vá lá, que isto entendo eu. Estamos, pois num período de acalmia que pode ser de reflexão. Toda a gente gosta de ter uma romaria à sua porta, um Santo protector, uma capela que lhe sirva de abrigo.
As características das festas mudaram radicalmente, nos lugares mais pequenos quiseram adoptar os padrões das festas mais centrais e concorridas. Na realidade isto levou a um encarecimento desmedido da realização das festas e romarias por todos os lugares do Alto Minho que tornou muitas insustentáveis.
A concorrência, pela concentração num curto período de tempo no ano, pelas mais variadas festas particulares, tem levado ao declínio de algumas, a dificuldades imensas, até à extinção. Impõe-se também aqui um esforço de imaginação para não deixar cair esse património, essa forma única de convívio, de juntar trazendo à terra gente que anda dispersa mas que mantém afinidades.
Já vai havendo consciência que os decibéis não são o remédio, que seria melhor caminhar no sentido das particularidades do que porem-nos todos a cantar a mesma canção. O espírito do lugar pode andar revoltado, não tem merecido o carinho que deveria ter dos habitantes, mas, se as pessoas procurarem, podem vir a realizar algo de mais espontâneo e natural que o modelo de festa que hoje impera.