sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Os pobres com e os pobres sem ... vergonha

Há pessoas que, com chorudas fortunas, que as poriam bem acima das remediadas, se escondem, mas inscrevem em tudo que é cabazes de Instituições de Caridade ou até de Organismos Públicos, simulando uma necessidade que não têm.
A Caridade tem de ser transparente para que quem a pratica o faça sem ter que estar sempre de pé atrás e para que quem a receba o faça com um sentimento de gratidão que sempre se deve ter para com as pessoas que, sem estarem obrigadas a isso, ajudam os outros com aquilo que é seu.
Antigamente os pobres conheciam-se, eram mesmo pobres, havia uma roupa de pobre, um comportamento de pobre e infelizmente os cães ladravam mais aos pobres que aos ricos, havia mesmo um cheiro a pobre. Mas, como quase todos só usufruíam de um simples remedeio, a caridade era difícil.
Hoje posso crer que, se não há mais dádiva, não é por falta de meios mas porque todos temos um sentimento de que há muita falsidade, muito descaminho, muito aproveitamento, muita figura feita para a esmola. Também falta a relação directa entre quem dá e quem recebe, que tudo hoje é intermediado por organizações.
Conta-se em Ponte de Lima que há uma menina de meia-idade, rica herdeira, solteira e bem formada, boa rapariga, não duvido, e que até quereria casar, mas que não tem vergonha em certas ocasiões de passar por pobre. Só não digo quem é para não a atrapalhar com pretendentes, que isto de herdeiras ricas, virgoleiras e casadoiras vai cá uma crise.
Quem é pobre não devia pedir às escondidas, que será eventualmente vergonha ser pobre toda a vida, mas não o é decerto ser pobre em certas circunstâncias. Ninguém gosta de comentários e reservas, de ser apontado de pobre toda a vida.
Hoje até há pobres porque há pessoas que devem muito aos Bancos, embora tenham os seus bens. Devia haver mais clareza em todas as instituições, listas dos tais pobres que quem não deve não teme e a vergonha pública é boa conselheira.