sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Será a melhor forma de encomendar um estudo?

Em Ponte de Lima nem tudo tem sido agricultura. Além de ser importante estudar esta sob um aspecto económico, que não só folclórico, seria também de estudar as outras actividades, mais ou menos relacionadas com esta e com alguma relevância no panorama limiano.
“Serração de madeiras, pedreiras, minas (volfrâmio, estanho, ouro), lagares de azeite, são as nossas indústrias mais tradicionais de cuja arqueologia se não houve falar”, escrevi algures. Bem mais de uma centena de moinhos de água restam em ruínas. Ferreiros e carpinteiros tradicionais desapareceram. Da actividade mineira só restam casas entretanto ardidas ou vandalizadas, minas de certo modo perigosas e mal protegidas.
Terá a Câmara Municipal acordado para esta problemática? O projecto Terra Rica da Humanidade preocupar-se-á com este aspecto do nosso passado? O pelouro da Cultura ter-se-á apercebido desta lacuna e abriu um concurso para que jovens licenciados quisessem fazer trabalhos sobre este tema?
Numa iniciativa desgarrada a Câmara resolveu encomendar um trabalho sobre as fábricas de serração de madeira e convidou uma jovem licenciada devidamente habilitada mas que por motivos profissionais não pôde aceitar o encargo. Porque é que a Câmara se cansou e desistiu desse caminho?
Ao primeiro “expert” que apareceu atribui 5 000 € para um trabalho cujo projecto, âmbito e estratégia se desconhecem. Como se não conhecem os seus contornos só por analogia se pode conceber como uma recolha de fotografias e audição de umas histórias avulsas e melodramáticas?
A Câmara Municipal tem patrocinado muitas publicações, mas diferente é quando se quer um estudo sério, sistemático, perceptível pelos destinatários e lhes faça algum proveito, que fique para a nossa memória colectiva, não uma simples recolha fotográfica ou um repositório de depoimentos desconexos.